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Se, ao final desta existência

Pássaro voando com um arco-íris no céu final da existência

A existência um dia chega ao final.

No poema “Se”, o Professor Hermógenes(*) tece considerações sobre a vida, questionando se de fato fazemos bom uso dela. Ele faz um verdadeiro inventário de tudo aquilo pelo qual nos deixamos levar, ao invés de conduzir nossas escolhas da maneira mais sensata e consciente, tendo em vista que, ao final da existência terrena, nada disso nos trará qualquer proveito.

A vida é oportunidade para aprendizado, para esclarecimento, é para ser vivenciada visando a santidade da alma, praticando os ensinamentos que Jesus Cristo nos legou.

Mais do que bem viver, a busca e a realização da paz interior abre as portas para a entrada na paz celestial quando se findar nosso tempo estagiando nestas paragens terrenas. Leia a seguir.

José Batista de Carvalho

Se

Se, ao final desta existência,
Alguma ansiedade me restar
E conseguir me perturbar;

Se eu me debater aflito
No conflito, na discórdia…

Se ainda ocultar verdades
Para ocultar-me,
Para ofuscar-me com fantasias por mim criadas…

Se restar abatimento e revolta
Pelo que não consegui
Possuir, fazer, dizer e mesmo ser…

Se eu retiver um pouco mais
Do pouco que é necessário
E persistir indiferente ao grande pranto do mundo…

Se algum ressentimento,
Algum ferimento
Impedir-me do imenso alívio
Que é o irrestritamente perdoar,

E, mais ainda,
Se ainda não souber sinceramente orar
Por quem me agrediu e injustiçou…

Se continuar a mediocremente
Denunciar o cisco no olho do outro
Sem conseguir vencer a treva e a trave
Em meu próprio…

Se seguir protestando
Reclamando, contestando,
Exigindo que o mundo mude
Sem qualquer esforço para mudar eu…

Se, indigente da incondicional alegria interior,
Em queixas, ais e lamúrias,
Persistir e buscar consolo, conforto, simpatia
Para a minha ainda imperiosa angústia…

Se, ainda incapaz
para a beatitude das almas santas,
precisar dos prazeres medíocres que o mundo vende…

Se insistir ainda que o mundo silencie
Para que possa embeber-me de silêncio,
Sem saber realizá-lo em mim…

Se minha fortaleza e segurança
São ainda construídas com os materiais
Grosseiros e frágeis
Que o mundo empresta,
E eu neles ainda acredito…

Se, imprudente e cegamente,
Continuar desejando
Adquirir,
Multiplicar,
E reter
Valores, coisas, pessoas, posições, ideologias,
Na ânsia de ser feliz…

Se, ainda presa do grande embuste,
Insistir e persistir iludido
Com a importância que me dou…

Se, ao fim de meus dias,
Continuar
Sem escutar, sem entender, sem atender,
Sem realizar o Cristo, que,
Dentro de mim,
Eu Sou,

Terei me perdido na multidão abortada
Dos perdulários dos divinos talentos,
Os talentos que a Vida
A todos confia,

E serei um fraco a mais,
Um traidor da própria vida,
Da Vida que investe em mim,
Que de mim espera
E que se vê frustrada
Diante de meu fim.

Se tudo isto acontecer
Terei parasitado a Vida
E inutilmente ocupado
O tempo
E o espaço
De Deus.

Terei meramente sido vencido
Pelo fim,
Sem ter atingido a Meta.

Professor Hermógenes

(*) O Professor Hermógenes foi escritor, professor e divulgador de Hatha Yoga no Brasil, e deixou profundas mensagens para reflexão, embora numa linguagem poética, simples e prática para o cotidiano.

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