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Semana Santa, uma caminhada do temor ao amor

ilustração de Jesus na cruz semana santa

Admirar Jesus não basta, é preciso segui-lo.

O Papa Francisco celebrou a missa do Domingo de Ramos na Basílica de São Pedro, marcando o início da Semana Santa.

O Pontífice começa dizendo que “todos os anos, esta liturgia cria em nós uma atitude de espanto, de surpresa: passamos da alegria de acolher Jesus, que entra em Jerusalém, à tristeza de O ver condenado à morte e crucificado. É uma atitude interior que nos acompanhará ao longo da Semana Santa. Abramo-nos, pois, a esta surpresa.

Jesus começa logo por nos surpreender, diz o Papa, quando Ele entra em Jerusalém num jumentinho. O povo que o recebe solenemente como a salvação, o poderoso libertador, “espera celebrar a vitória sobre os romanos com a espada, mas Jesus vem celebrar a vitória de Deus com a cruz. Que se passou com aquele povo que, em poucos dias, passou dos «hossanas» a Jesus, ao grito «crucifica-O»? O que aconteceu?

Na realidade, aquelas pessoas seguiam mais uma imagem de Messias do que o Messias. Seguiam uma imagem, não o Messias. Admiravam Jesus, mas não estavam prontas para se deixar surpreender por Ele.

A surpresa é diferente da admiração. A admiração pode ser mundana, porque busca os próprios gostos e anseios de cada um; a surpresa, ao contrário, permanece aberta ao outro, à sua novidade.

Também hoje há muitos que admiram Jesus: falou bem, amou e perdoou, o seu exemplo mudou a história… Admiram-No, mas a vida deles não muda. Porque não basta admirar Jesus; é preciso segui-Lo no seu caminho, deixar-se interpelar por Ele: passar da admiração à surpresa.”, enfatiza o Pontífice.

Jesus sobe à cruz para descer ao nosso sofrimento.

Em seguida, o Papa Francisco pergunta: “E qual é o aspecto do Senhor e da sua Páscoa que mais nos surpreende?”

Ao que ele responde que é “o fato de Ele chegar à glória pelo caminho da humilhação. Isto surpreende: ver o Onipotente reduzido a nada; vê-Lo, a Ele, Palavra que sabe tudo, ensinar-nos em silêncio na cátedra da cruz. Ver o Rei dos reis que, por trono, tem um patíbulo. Ver o Deus do universo despojado de tudo. Vê-Lo coroado de espinhos em vez de glória. Vê-Lo, a Ele, bondade em pessoa, ser insultado e vexado.

Por que toda esta humilhação? Por que permitistes, Senhor, que Vos fizessem tudo aquilo? E esta pergunta nos espanta.

Fê-lo por nós, para tocar até ao fundo a nossa realidade humana, para atravessar toda a nossa existência, todo o nosso mal; para Se aproximar de nós e não nos deixar sozinhos no sofrimento e na morte; para nos recuperar, para nos salvar. Jesus sobe à cruz para descer ao nosso sofrimento.

Prova os nossos piores estados de ânimo: o fracasso, a rejeição geral, a traição do amigo e até o abandono de Deus. Experimenta na sua carne as nossas contradições mais dilacerantes e, assim, as redime e transforma.

O seu amor aproxima-se das nossas fragilidades, chega até onde mais nos envergonhamos. Agora sabemos que não estamos sozinhos! Deus está conosco em cada ferida, em cada medo: nenhum mal, nenhum pecado tem a última palavra.”

O amor de Jesus nos dá forças para recomeçar a cada dia.

“Peçamos a graça do assombro. A vida cristã, sem surpresa, torna-se monótona.”, diz o Santo Padre. “Como se pode testemunhar a alegria de ter encontrado Jesus, se não nos deixamos surpreender a cada dia pelo seu amor admirável, que nos perdoa e faz recomeçar?”

Ele também conta que “São Francisco de Assis, ao contemplar o Crucificado, maravilhava-se com os seus frades por não chorarem. E nós? Conseguimos ainda deixar-nos comover pelo amor de Deus?

Por que é que já não sabemos surpreender-nos à vista d’Ele? Talvez porque a nossa fé foi corroída pelo hábito; ou talvez porque ficamos fechados nas lamúrias e deixamo-nos paralisar pelos dissabores; talvez porque perdemos a confiança em tudo, chegando ao ponto de nos consideramos fracassados. Mas, por trás destes «talvez», encontra-se o fato de não estarmos abertos ao dom do Espírito, que é Aquele que nos dá a graça do assombro.

Recomecemos do assombro; olhemos o Crucificado e digamos-Lhe: “Senhor, quanto me amais! Como sou precioso a vossos olhos!”

Deixemo-nos surpreender por Jesus para voltar a viver, porque a grandeza da vida não está na riqueza nem no sucesso, mas na descoberta de que somos amados.

Esta é a grandeza da vida, descobrir-se amados e a grandeza da vida está na beleza de amar. No Crucificado, vemos Deus humilhado, o Onipotente reduzido a um descartado. E, com a graça do assombro, compreendemos que, acolhendo quem é descartado, aproximando-nos de quem é humilhado pela vida, amamos Jesus”.

A revelação da força e do poder do Amor.

O Papa fala, então, de uma passagem que retrata a imagem mais bela da surpresa. “É a cena do centurião, que, «ao vê-Lo expirar daquela maneira, disse: “Verdadeiramente este homem era Filho de Deus!”» (Mc 15, 39). Deixou-se assombrar pelo amor. E de que maneira vira Jesus morrer? Viu-O morrer amando e isso o maravilhou.

Sofria, estava exausto, mas continuava a amar. Eis aqui a surpresa diante de Deus, que sabe encher de amor o próprio morrer. Neste amor gratuito e inaudito, o centurião, um pagão, encontra Deus. Verdadeiramente era Filho de Deus!”

O Pontífice relembra que “muitos antes dele, no Evangelho, admirando Jesus pelos seus milagres e prodígios, reconheceram-No como Filho de Deus. Mas o próprio Cristo mandava-os calar, porque havia o risco de se deterem na admiração mundana, na ideia dum Deus que Se devia adorar e temer enquanto poderoso e terrível. Agora já não há tal risco; ao pé da cruz, já não é possível equivocar-se: Deus revelou-Se e reina só com a força desarmada e desarmante do amor.

Irmãos e irmãs, hoje, Deus ainda surpreende a nossa mente e o nosso coração. Deixemos que nos impregne este assombro, olhemos para o Crucificado e digamos também nós: «Vós sois verdadeiramente Filho de Deus. Vós sois o meu Deus», exorta-nos o Papa Francisco.

fonte – Vatican News e ACI Digital

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