
A redentora dor da transformação.
Bendita a graça de descobrir na dor a salvação, de perceber sob o sofrimento brotar a esperança por tanto tempo esquecida.
Tal ciência é tão grandiosa que não abarco de tão alta, pois mesmo no abismo da minha alma, lá o Senhor está e com sábias mãos me ampara e me ama.
Não existe transformação sem dor. Pois as couraças que tecemos em volta de nossas feridas sentidas, antes de nos protegerem, prendem todo um passado de dor. E ele nos enclausura numa ciranda sem fim de sofrimento recriando, a cada instante de todos os nossos dias, a lembrança das antigas dores perpetradas em novidades.
Romper essas ataduras de sofrimento e frustrações dói demais, pois é uma dor real que desperta nos sentidos a sensação de estarmos sendo dilacerados em meio à noite escura do abandono.
Talvez seja por isso que tanto negamos o cálice que pode nos trazer a libertação de tudo o que nos faz sofrer.
Mas é preciso fazer brotar a esperança, pois por maior que seja o medo de aproximar os lábios deste incandescente cálice, certamente as dores não poderão ser tão cruéis quanto as que em nós ainda mantemos.
José Batista de Carvalho
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