
Nossos relacionamentos se entrelaçam nas várias reencarnações.
Nós voltamos a viver na Terra – ou reencarnamos – com uma missão para a nossa vida. Nos livros da literatura espírita podemos ler uma infinidade de casos que contam sobre a vida e a morte de uma ou outra pessoa.
As entidades espirituais trazem essas histórias ao nosso conhecimento para nos dar, assim, a oportunidade de entender melhor a relação e as consequências que existem entrelaçando cada reencarnação.
Passamos toda a nossa vida nos relacionando com outras pessoas. A grande maioria desses relacionamentos é superficial ou temporária, como, por exemplo, no caso de estudos, de trabalho, dos locais que nós frequentamos para lazer, compras e saúde, entre outros tantos.
Por outro lado, temos os relacionamentos mais íntimos e duradouros, que são aqueles que mantemos com a família e com os amigos. É neste grupo que a maioria de nós se une com alguma finalidade específica, com algum propósito – ou missão – a cumprir durante a vida.
Cada um de nós tem uma missão diferente para realizar na vida.
Os espíritos mais evoluídos têm uma tarefa voltada ao bem comum, a serviço dos nobres ideais de Jesus e da espiritualidade superior. Então voltam, para mais uma encarnação na Terra, mesmo não tendo a necessidade pessoal de passar por essa existência.
Naturalmente, todos nós também exercemos um trabalho ou uma atividade que beneficia e que presta um serviço a outras pessoas. Mas, além disso, podemos também ter uma missão de caráter mais pessoal.
São inúmeras as situações que podem acontecer neste último caso. A reencarnação pode, por exemplo, ser a oportunidade para uma mudança de atitude. Ou pode também ter como objetivo apoiar alguém que terá que passar por experiências difíceis.
Mas o fato é que, quando reencarnamos, não temos a consciência seja da existência anterior ou dos compromissos que assumimos com os mentores espirituais. Desta forma, muitas vezes perdemos de vista nosso objetivo principal, ou seja, não cumprimos a missão que escolhemos para esta vida.
Conheça a história da senhora Laura.
André Luiz conta uma passagem interessante no livro “Nosso Lar”. A senhora Laura estava prestes a reencarnar na Terra, mas estava muito receosa.
Conversando com um dos dirigentes da colônia espiritual, ela se mostrou preocupada porque, como disse, “devemos compreender que a reencarnação é sempre uma tentativa de magna importância.”
O Ministro com quem conversava lembrou que “precisamos confiar na Proteção Divina e em nós mesmos. O manancial da Providência é inesgotável.”
E para motivar a confiança de Dª Laura para a sua volta ao círculo da humanidade terrestre, ele também acrescentou: “Além do mais, é justo confiar alguma coisa em nós outros, seus amigos, que não estaremos tão longe, no tocante à ‘distância vibratória’.”
Ainda assim, ela confessa o seu receio por causa do esquecimento temporário a que nos submetemos quando reencarnamos. “Sinto-me qual enferma que se curou de numerosas feridas. Em verdade, as úlceras não mais me apoquentam, mas conservo as cicatrizes. Bastaria um leve arranhão, para voltar a enfermidade.”, explica Laura, justificando o seu receio.
O dirigente, então, reforça o apoio que ela terá do plano espiritual. Certamente ela vai receber a ajuda dos amigos espirituais para orientá-la de modo “a trabalhar muito mais no bem dos outros, que na satisfação de si mesma. O grande perigo, ainda e sempre, é a demora nas tentações complexas do egoísmo.”
Nossa mente é um verdadeiro campo de batalha entre os nossos pensamentos.
Ainda assim, Dª Laura insistiu em suas preocupações. Ela disse que o ambiente vibratório da Terra é muito diferente daquele que ela encontrava na colônia espiritual. Em Nosso Lar, era certamente muito fácil resistir a antigas fraquezas quando estas voltavam à tona nos pensamentos.
Mas as palavras do bondoso Ministro serenaram, por fim o coração aflito de Dª Laura. “Toda luz que acendermos, de fato, na Terra, lá ficará para sempre, porque a ventania das paixões humanas jamais apagará uma só das luzes de Deus.”, afirmou ele.
“É verdade: nossa zona mental é campo de batalha incessante. É preciso aniquilar o mal e a treva dentro de nós mesmos. Surpreendê-los no reduto a que se recolhem, sem lhes dar a importância que exigem. Sim, agora compreendo.”, respondeu, aliviada, Dª Laura.
O Ministro, então, explicou que cada pensamento que temos é como uma entidade à parte. Assim, “nutrindo os elementos do bem, progredirão eles para nossa felicidade, constituirão nossos exércitos de defesa; todavia, alimentar quaisquer elementos do mal é construir base segura para os nossos inimigos verdugos.”
“Terá ao seu lado inúmeros irmãos e companheiros a colaborarem no seu bem-estar”, conclui então o elevado dirigente espiritual.
O que devemos fazer para cumprir a nossa missão de vida?
A melhor forma, portanto, de não nos desviarmos daquilo que nos propusemos é contar com a ajuda daqueles que sabem quais são os nossos objetivos. Nossos anjos da guarda, os espíritos familiares, os benfeitores espirituais estão sempre prontos a nos orientar e a nos intuir em nossa jornada.
Mas para isso, precisamos, naturalmente, manter aberta essa via de comunicação. E nós conseguimos manter esse canal de relacionamento com o plano espiritual elevado quando mantemos a mente serena e os pensamentos voltados para o bem.
Entretanto, como ficar em paz quando existem tantas coisas acontecendo que nos distraem ou que requerem nossa atenção?
Na verdade, não precisamos de horas e horas para isso. Alguns minutos ao dia de interiorização, de mentalização, de oração, de meditação ou de leitura já nos ajudam a manter a serenidade.
Mantenha a sintonia e o canal de comunicação aberto com os benfeitores espirituais.
Você pode alternar essas ações. Por exemplo: de manhã, quando acorda, você pode fazer uma breve oração, agradecendo por um novo dia e pedindo orientação ao longo das suas horas.
No intervalo para o almoço, reserve um tempo para a “sobremesa espiritual”: 10 ou 15 minutos para uma leitura edificante. Antes de deitar, à noite, você pode unir uma breve leitura à reflexão sobre o seu conteúdo.
E durante todo o dia, a qualquer momento, você pode praticar alguns “pensamentos relâmpago”: agradeça pela sua saúde, por uma tarefa concluída, por uma convivência harmoniosa, por uma boa ideia.
Sempre que sentir a irritação, a dúvida e o cansaço querendo invadir o seu corpo e a sua mente, transmita esses sentimentos e essas sensações a quem pode ajudar você.
Ainda que não nos seja dado saber o porquê de tudo o que se passa em nossa vida, os benfeitores espirituais podem nos ajudar desanuviando a nossa mente ou até mesmo nos orientar intuindo ações.
Agir bem e não cair nas tentações nos deixa mais perto de realizar a missão que temos para esta vida.
Em resumo, não temos como saber se, efetivamente, estamos cumprindo a nossa missão, o propósito de vida que assumimos antes de reencarnar.
Ainda assim, podemos sempre fazer uma análise de nossos pensamentos e de nossas atitudes para procurar fazer sempre o nosso melhor.
Afinal, talvez estejamos caminhando no escuro, se pensarmos que não sabemos qual é o nosso objetivo, o que devemos fazer e onde devemos chegar.
Mas acredito que esse é um processo necessário. É uma forma de provarmos a nós mesmos que conseguimos vencer os instintos e as tendências inferiores, que conseguimos aprender e melhorar em algo.
Portanto, mais do que se preocupar em qual é a sua missão nesta vida, o importante é fazer o seu melhor e colocar dedicação em tudo. Além disso, como disse Jesus, não caia nas tentações, escute seu coração quando ele disser que – seja o que for – não é uma boa opção.
Certamente são os benfeitores e amigos espirituais sussurrando as suas orientações para que você possa cumprir a sua missão nesta existência.
Noemi C. Carvalho