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Simplesmente Chico

simplesmente Chico

Chico Xavier, ou simplesmente Chico.

Francisco Cândido Xavier, ou simplesmente Chico, como ele mais gostava.

Quando chegava alguém e lhe perguntava:

– O Sr. é que é o Chico Xavier?

Sem jeito, arrumava uma forma de dizer que ele era apenas o Chico. Às vezes até inventava algo para dizer como: “Sou apenas o Cisco Xavier”, como revelou Marcel Souto Maior¹, em seu livro “As Vidas de Chico Xavier”. Ele conta, entre outras, a seguinte passagem da vida de Chico:

Ele fazia questão de proclamar a própria “absoluta insignificância”. Afinal de contas, era um “servidor quase inútil da Doutrina Espírita”, “o mais pequenino de todos”, “um nada”, “mais imperfeito que os outros”.

(…) Um dia, diante de uma mulher quase de joelhos a seus pés, ele apelou:

Não me elogie assim. É desconcertante. Não passo de um verme no mundo.

No mesmo instante, ouviu a voz de Emmanuel:

Não insulte o verme. Ele funciona, ativo, na transmutação dos detritos da terra, com extrema fidelidade ao papel de humilde e valioso servidor da natureza. Ainda nos falta muito para sermos fiéis a Deus em nossa missão.

Daí em diante, Chico preferiu se definir, de vez em quando, como subverme.”

O inestimável trabalho de “Cisco Xavier”, ou simplesmente Chico.

Tendo noção de seu papel dentro do movimento Espírita, Chico sabia que ele deveria ser o maior exemplo do que falava e do que escrevia. Sua maior felicidade era poder consolar os que sofriam e reviver o evangelho em cada momento de sua vida.

Um perfeito equipamento de comunicação entre dimensões, certamente trouxe-nos valiosas informações com elevadas revelações em diversos campos. Mas também trouxe a consoladora palavra daqueles que partiram e deixaram queridos corações angustiados.

Inúmeros e valiosos livros que difundiram a doutrina Espírita e seus aspectos foram traduzidos para quase todos os idiomas da Terra, levando, assim, a palavra da codificação para todos os cantos do planeta, com detalhes que comprovaram a imortalidade da alma.

Toda essa capacidade, todos esses divinos dons, sob a singela aparência de um pequeno “Cisco Xavier”.

Um pouco mais de nosso bom e incansável Chico.

Em Uberaba, nas tardes de sábado era costume Chico se reunir com várias pessoas à sombra de um abacateiro, sob a inspiração e supervisão de Emmanuel, para a leitura do Evangelho e estudo dos trechos lidos.

Esses encontros sob a frondosa árvore reunia todos os moradores da região e os convidados que, sem distinção, misturavam-se em torno de Chico para recolherem a bênção da palavra de luz. E, após as explanações, eram distribuídos alimentos para os mais necessitados.

Chico apenas não comparecia nas reuniões nos sábados próximos ao seu aniversário, 2 de abril, assim como procurava “fugir” de qualquer outro tipo de compromisso nesse período às vésperas de seu natalício, para evitar homenagens.

Não importa como, Chico nunca perdia a oportunidade de demonstrar sua capacidade de ser humilde, brando, pacífico e bem humorado, como nos relata Gerson Simões Monteiro², presidente da Rádio Rio de Janeiro.

Pedir perdão não é sinal de fraqueza ou falta de vergonha, pois quem é capaz de pedir desculpa ao outro demonstra que tem muita coragem moral e grandeza de espírito. Neste sentido, quantos casais seriam felizes se um dos dois cedesse em favor do outro, para acabar com a desavença que infelicita suas vidas.

O mundo não teria guerras, brigas entre vizinhos, entre parentes, entre chefes e colegas de trabalho, se fôssemos mais humildes e inteligentes para acabar com os conflitos e vivermos em paz e harmonia.

O pedido de perdão pelo descuido num dia atribulado.

Aliás, é preciso muita coragem para enfrentar a opinião dos outros como enfrentou Chico Xavier. Ele, certo dia, depois de atender mais de 80 pessoas que precisavam de consolação, e já se sentindo muito cansado, foi ainda procurado por um cidadão que prendeu sua atenção por mais de duas horas, abusando de sua paciência.

O médium, porém, num momento de descuido, deixou o inoportuno falando sozinho. Foi o suficiente para criar um desafeto que passou, daí em diante, a não responder ao seu cumprimento.

Chico, munindo-se de humildade, certo dia, procurou o seu inimigo para pedir-lhe desculpas. Diante disso, o seu desafeto perguntou-lhe: “Chico, você me procura por ser humilde ou sem vergonha?” E a resposta dele foi simplesmente: “Por ser sem vergonha”.

– Então, Chico, aceito o seu gesto de amizade, porque vejo que você é mesmo sincero… E pela humildade da parte do médium, os dois tornaram-se bons amigos de novo.”

Um dia na rotina de Chico.

Como percebemos, a humildade é a virtude oposta do orgulho. E este, talvez, seja o maior dos pecados, pois projeta em torno de si a imagem da perfectibilidade, de quem está sempre certo e por isso não precisa pedir perdão para ninguém, uma vez que tudo o que pensa, acredita que é a verdade.

Chico, diferente disso, não se via como causa de si mesmo, e por isso buscava sempre na humildade a resposta certa para seguir em sua missão.

Em uma palestra, o Dr. Haroldo Dutra³ nos revelou mais uma história sublime de quão humilde Chico conseguia ser aqui nesta Terra de dores e expiações.

O Chico começava a atender por volta de duas horas da tarde. Primeiro eram atendidas as pessoas que precisavam do receituário do Dr. Bezerra de Menezes.

Ele ficava lá escrevendo as receitas até umas 19 horas.

Terminada a sessão do receituário, vinha o movimento das cartas de comunicação com o plano espiritual que ia até duas horas da manhã. E ele ali, sentado, psicografando por mais de 8, 10, 12 horas.

Uma mãe aflita vai falar sobre uma mensagem recebida.

Certo dia ele estava muito doente e, assim mesmo, cumpriu todas as tarefas. E após receber diversas mensagens, como sempre fazia, leu todas. No final, quando todos já estavam indo embora – já era muito tarde, quase amanhecia -, uma mãe chega com uma carta na mão e fala:

– Chico, os dados dessa carta não estão corretos. Há nomes que não conheço, que não são da minha família. Essa carta, por algum motivo, ela está errada. Chico, eu vi que outras mães aqui choraram e reconheceram o que estava escrito. Eu não estou duvidando, você me perdoa…

Ele interrompeu a senhora e falou assim:

– Minha irmã, me dê um momento.

Pediu que ela entregasse a carta, solicitou às pessoas do grupo que fechassem a porta, fizessem uma prece e uma leitura. Ele então pegou a carta, tampou os olhos, pegou o lápis e, com os olhos fechados, passava as folhas. E às vezes riscava alguma coisa e escrevia algo, como se estivesse corrigindo a comunicação.

Passava, corrigia, algumas folhas não mexia. E no final, depois de todas as correções, ele pegou a carta, leu, e então a mãe se derramou em pranto. Era uma sucessão de nomes e de fatos, a mãe estava feliz. Ele pegou nas mãos dela e disse assim:

– Minha irmã, você me perdoa, eu estou muito doente, muito cansado, a falha foi minha. Mas o seu filho foi trazido aqui novamente, ele está aqui e ele corrigiu a carta.

A humildade é a base de todas as virtudes. É saber quem se é em verdade, reconhecer a essência da Divindade Criadora pulsando em si, e entender que esta mesma luz vibra e ilumina em todos e para todos.

José Batista de Carvalho

Referência

1 – Marcel Souto Maior
2 – Extra.Globo.com
3 – Haroldo Dutra

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