
O vazio no peito, um sentimento que aumentou com a pandemia.
Nestes últimos tempos, vimos a nossa realidade mudar e uma das regras impostas para combater o coronavírus foi fechar as lojas e os shopping centers, os bares e as boates, as casas de espetáculos e os demais locais que favorecem o ajuntamento de pessoas, mas isso fez surgir um angustiante sentimento de vazio no peito em uma grande parcela da população.
O cotidiano materialista, calcado na alta performance para a conquista de objetivos muitas vezes inalcançáveis, provoca e potencializa carências e frustrações que se acumulam. Nasce, assim, a percepção da impotência, da incapacidade.
Essa impressão que serve ao sistema tem como proposta terapêutica suprimir esses sentimentos negativos através de uma imagem social onde se projeta a realização, o status e o culto ao prazer.
Um outro grave sintoma causado pelo coronavírus.
Devido aos períodos de quarentena, obrigando todos a ficarem em suas casas, em muitos lares revelou-se o desconhecimento do outro, a incapacidade de conviver, bem como a necessidade de encontrar um sentido na vida.
Mesmo aqueles que moram sozinhos encontraram dificuldades de conviver consigo ao se ver sem alguém que servisse de suporte para suas projeções. Observa-se uma elevação nos pedidos de divórcio, bem como um aumento nos relatos de pessoas com o propósito de pôr fim à vida.
Vemos, assim, que outro grave sintoma desse vírus foi produzir cidades cheias de pessoas vazias.
Sabemos que as condições para essas ocorrências já pré-existiam e o confinamento apenas as catalisou, acelerando então o ritmo dos conflitos.
Mas onde podemos encontrar uma forma de suprir esse vazio e resgatar o ser humano que se automatizou em um frio sistema de relações pré-programadas de arquétipos recorrentes?
Parece que perdemos a capacidade de experenciar o sentido da vida. Como, então, encontrar o sentido da vida neste mundo que se nos apresenta tão sem significado?
Tudo o que nós precisamos é de amor.
“Não há nada que você possa fazer que não possa ser feito
Ninguém que você possa salvar que não possa ser salvo
Nada que você possa fazer, mas pode aprender a ser você com o tempo
É fácil
Tudo que você precisa é amor” – John Lennon / Paul McCartney
O amor é o sentido da vida, e amar em plenitude faz com que a nossa própria vida seja o grande sentido que o mundo deve seguir.
“Seja uma luz para o mundo, e não lhe cause danos. Tente construir, não destruir.
Busque apenas a Divindade. Fale apenas a verdade.
Aja apenas com amor. Cumpra a Lei do Amor agora e para sempre…
Torne cada momento de sua vida uma explosão de amor.
Use todos os momentos para ter o pensamento mais elevado, dizer a palavra mais nobre e realizar o ato superior.
Com isso, glorifique o seu Eu Sagrado.
Traga paz para a terra trazendo paz para todas as vidas que você toca.
Seja paz.
Sinta e expresse em todos os momentos a sua Conexão Divina com o Todo, e com todas as pessoas e coisas, e todos os lugares.” – Neale Donald Walsch
Um dia seremos os tecelões de nossa existência.
Mesmo sem percebermos as linhas de energia que unem tudo e todos em uma grande conexão divina, vivemos nos relacionando, entrelaçados nesses emaranhados que as sucessivas vivências organizam para que um dia, com a necessária maturidade espiritual, possamos tecer o nosso verdadeiro ser.
Enquanto ainda não desenvolvemos as habilidades para sermos os tecelões das nossas existências, devemos nos aplicar na tarefa de aprender a amar. Pois só assim o sentido da vida será entendido, na compreensão de que sempre é possível amar um pouco mais.
Não há outro sentido. Esse é o nosso grande propósito: servir. Somos feitos para amar, para servir. Não se aprende o que é viver se não soubermos como servir.
O sentido da vida é nos percebermos como alguém que faz a diferença no mundo, e essa descoberta só é possível se mergulharmos em nosso interior, isto é, em um trabalho de autoconhecimento.
Vamos encontrar, assim, habilidades e potenciais extraordinários, inconcebíveis ainda à limitada visão que predomina nas nossas percepções.
Como viver no mundo atual.
Sempre que observarmos o mundo sob o enfoque materialista, nossos desejos e anseios nunca encontrarão satisfação integral.
Isso não quer dizer, entretanto, que é preciso estar vivendo com a postura de uma visão mística, meditando sobre o mundo de amanhã, sobre as esferas espirituais. Vivemos aqui nesta realidade, e portanto é preciso que trabalhemos para obter os recursos para a manutenção da subsistência.
O que é preciso é viver no mundo sem pertencer ao mundo, isto é, conceber que o verdadeiro significado da nossa vida transcende a materialidade. Pois existe uma realidade maior, muito maior do que os nossos sentidos físicos podem perceber.
“Eu disse essas coisas para que em mim vocês tenham paz. Neste mundo vocês terão aflições, contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo.” (Jõao 16:33)
O mundo vencido por Jesus assemelha-se ao nosso atual mundo. Assim como naquele tempo, ainda construímos ídolos que incorporam valores baseados nos temores e anseios que habitam o imaginário do ser humano.
Os construtores desses ídolos espalham-nos pelos meios de comunicação estimulando emoções como a vaidade, a luxúria e toda a sorte de sensações que insuflam o orgulho.
Observamos, assim, surdas lutas por posições em empresas, comportamentos artificiais construídos visando interesses rasteiros que, quando não têm sucesso, provocam um profundo vazio, responsável por tirar o sentido da vida.
O nosso propósito é conquistado gradativamente.
É preciso lembrar que acima das ilusões produzidas pela mídia, que apresenta um sentido de felicidade em conquistas materiais difíceis de serem alcançadas, existe o real significado da verdadeira vida. E tudo que nós precisamos repousa em nosso interior, na calma de nosso coração.
O propósito maior para todos nós, certamente é a evolução que conquistamos progressivamente ao longo da eternidade, em cada encarnação que vivenciamos.
Por certo em muitas oportunidades nos perdemos nos desvios provocados por escolhas equivocadas. Mas acreditemos na grande verdade, que a Divina bondade e justiça do Pai nunca fechará as portas para o filho que saiu querendo ganhar o mundo e nas coisas do mundo se perdeu.
Esse filho pródigo que se arrependeu dos caminhos escolhidos, ao voltar para casa encontrará as portas abertas. E, nos braços do Pai, poderá então recuperar as forças de que necessita para prosseguir em sua jornada evolutiva e encontrar em si mesmo o sentido de sua vida.
Como preencher o vazio no peito e silenciar a muda dor.
Hoje, caso a muda dor do vazio invada o peito, procuremos no servir dos elementos que irão trazer o conforto e a paz que nos foge.
Sejamos úteis, ajudemos quem está precisando. Tenhamos em mente que nossa ação não se restringe a questões materiais. Como Jesus nos ensinou, a caridade é o amor em ação, e deve também ser entendida como a atenção que damos a alguém que está necessitando ser ouvido.
Pois é a benevolência estendida àqueles que não pensam como nós, é ser compreensivo com as falhas alheias, praticar o perdão sempre, perdoando as ofensas, levando a solidariedade em todos os nossos caminhos que preenche o vazio em nosso peito.
A salvação está em nos encontrarmos no sentido que dermos ao nosso viver. Nossa vida terá a significância das escolhas que fizermos. E ao elegermos o amor como o guia de todas as nossas decisões, seremos mais solidários, compreensivos, teremos o coração e a mente abertos para a vida verdadeira.
José Batista de Carvalho
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