
O que diz a moderna ciência sobre os sonhos?
Você acorda de manhã pensando no estranho sonho que teve na noite passada. Mas você não consegue se lembrar de toda a história, só um ou outro detalhe volta à memória. E quando os sonhos se repetem?
Como, por exemplo, quando você acorda agoniado e demora um pouco para perceber que não está correndo no meio da rua para uma entrevista de emprego usando só uma toalha de banho.
Na ansiedade em querer descobrir o que aquele sonho quer dizer, busca-se em manuais e dicionários alguma interpretação que revele o significado. Conforme o livro pesquisado pode-se encontrar a explicação por um desejo reprimido de ser visto, notado, admirado, mas também pode-se perceber um sentimento de vergonha por causa de alguma insegurança no trabalho.
Mas será que os sonhos têm realmente o poder de trazer à consciência os mistérios do inconsciente?
Informações ou segredos, os sonhos sempre revelam algo sobre nós.
Os sonhos podem fornecer informações úteis sobre nossas vidas, mas, não existem estudos que comprovem que eles podem revelar segredos sobre nós.
“Realmente não existe pesquisa que apoie esse ponto de vista“, disse Deirdre Barrett, psicóloga e pesquisadora de sonhos da Harvard Medical School, em entrevista à Live Science. “Sonhos não contêm símbolos. Ou seja, nenhum dicionário ou intérprete de sonhos pode lhe dizer o que realmente ‘significa’ um sonho“, disse ela.
Um motivo de eterna fascinação.
Há muito tempo os seres humanos buscam significado nos sonhos. Tanto é que mesopotâmios e egípcios antigos os viam como mensagens dos deuses, enquanto gregos e romanos os usavam para prever o futuro.
Mas a crença de que seus símbolos abrigam verdades secretas sobre nós mesmos surgiu com Sigmund Freud. Ele propôs que os sonhos funcionariam como uma espécie de realização de desejos, e assim revelariam nossos desejos profundamente reprimidos.
Com o desenvolvimento dos estudos iniciados por Freud, pode-se notar que os sonhos não são tão fantásticos ou enigmáticos como se imagina. Existem muitas semelhanças entre o sonhar e a atividade consciente do pensamento durante o dia.
Desvendar o sonho continua fascinando estudiosos e pesquisadores.
Mas isso não quer dizer que os sonhos não possuam significado. As pesquisa indicam que durante o sonho são processados assuntos da mesma forma que acontece no período de vigília, com preocupações e lembranças idênticas.
Barrett afirma que “Estamos tendo fantasias de desejo, pensando em ameaças e medos, pensando em nossas vidas sociais e entes queridos.”
Os sonhos apresentam mais semelhanças com os pensamentos conscientes do que se pode imaginar, apesar do cérebro trabalhar de forma muito diferente durante o período em que se dorme.
Segundo Barrett, “nossa mente está apenas operando em um estado bioquímico muito diferente. Isso significa que, durante o sono, o coquetel de produtos químicos em nossos cérebros muda. Isto é, algumas partes do nosso cérebro se tornam muito menos ativas; outras, se tornam muito mais ativas. Por exemplo, o córtex visual secundário, a parte do cérebro que forma imagens – se torna muito mais ativa, ajudando-nos a produzir as imagens vívidas que “vemos” durante o sono. Enquanto isso, o córtex pré-frontal, que normalmente filtra nossos pensamentos, é comprimido.”
“Não há fórmula para interpretar sonhos, mas eles oferecem insights sobre como processamos o mundo durante o terço ou mais da vida que passamos adormecidos.”, disse Barrett.
“E nisso, pelo menos, Freud estava certo. Ele introduziu a ideia de que os sonhos são significativos. Que eles podem nos contar sobre nós mesmos“, conclui Barrett.
Matéria publicada originalmente em Live Science
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