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Tem algum jeito de se viver em paz?

Mulher caminhando na beira de uma praia ao entardecer, simbolizando como é viver em paz

Uma das melhores coisas da vida é viver em paz.

Tem vezes que a gente só quer viver a vida: estudar, trabalhar, se divertir de algum jeito, se sentir bem, viver em paz. Coisas assim. Simples. Sem nenhuma extravagância.

Mas então acontece alguma coisa e lá se vai nossa paz embora, porta afora, enquanto olhamos ela se afastando, cabisbaixa, a passos lentos, sem nem ter coragem de olhar para trás.

E ficamos ali perplexos, sem acreditar no que está acontecendo; imóveis, sem conseguir ir atrás dela e pedir para que volte; mudos, sem conseguir gritar, antes que a percamos de vista, para dizer-lhe que queremos que fique. Agora não adianta mais, ela se foi.

Depois da tempestade, nem sempre vem a calmaria.

Terra devastada, a desolação pela perda da paz é substituída por redemoinhos emocionais que levantam a poeira que tinha se ajeitado num canto da mente. E assim, fazem uma tempestade onde se chocam tristeza, mágoa, ressentimento, raiva, culpa e outros que tais.

Quando a poeira baixa, o cenário começa a clarear. Muitas daquelas poeiras emocionais preferem, então, voltar para os seus cantos. Só que os novos grãos que grudaram ao seu redor aumentaram o seu tamanho. Na próxima tempestade, elas certamente estarão mais fortes, e podem começar a fazer estragos.

Outras daquelas poeiras gostaram de ficar circulando e continuam por lá, dando voltas e mais voltas, às vezes se enroscando nalgum fio de pensamento que não conseguiu se desviar.

A paz, que estava passando perto e resolveu dar uma espiada, vê aquele movimento e prefere não ficar. “Deixa prá depois”, diz. Ela não gosta de lugares tumultuados.

Como trazer a paz de volta?

Lao Tsé, é considerado o autor do “Tao Te Ching” – traduzido como “O Livro do Caminho e da Virtude” – uma das mais conhecidas e importantes obras da literatura da China, que deu origem a vários movimentos filosóficos e religiosos.

Segundo ele, para viver em paz é simples: basta permanecer simples.

A simplicidade vem do estado interior pacífico, quando conseguimos relativizar a importância das coisas e dos fatos, e dessa forma não desperdiçamos energia, vitalidade, disposição e tempo para a nossa realização pessoal com elementos externos. Em suas palavras:

“É uma forma de sabedoria saber como permanecer simples, fundir tudo e se tornar pacífico. Nesse estado de consciência, o poder espiritual é acumulado automaticamente. Ser simples significa ser um bom exemplo para o mundo.

Quando nos tornamos simples, percebemos que a solução para tudo é permanecer pacíficos e felizes em todos os nossos relacionamentos. Simplicidade cria o estado de introversão, no qual não mais desperdiçamos tempo e energia nisso ou naquilo. Isso nos torna muito reais em nossas atitudes e comportamentos.”

Será possível viver em paz num mundo tão complicado?

Ao sermos simplesmente simples, os desejos realizados são fonte de felicidade, e aqueles não concretizados não ficam martelando a nossa cabeça com inquietações e cobranças inúteis e desnecessárias, que só servem para uma coisa: tirar a paz de perto de nós.

A simplicidade também permite que nos vejamos como somos, e não como imaginamos ser.

Assim podemos nos aceitar, valorizar e desenvolver nossas qualidades, e também atentar para corrigir nossas falhas. Ao nos compreendermos sem julgamentos, podemos também compreender as outras pessoas.

Como conviver bem com outras pessoas?

Sabendo que elas também não são perfeitas, não levantamos as poeiras da indignação, da vingança, da retaliação. Simplesmente deixamos que elas cuidem de suas sombras e de suas falhas, pois nós já temos muito trabalho para cuidar das nossas e, de todo jeito, não tem como alguém poder resolver as questões internas de outro.

Só nisso já conseguimos um grande avanço para que nossa paz não faça as malas e saia de nossa morada. Não se trata de descaso com os outros, nem de ignorar o que nos falam. Basta avaliar e usar de bom senso, coisa gratuita e abundante que Deus nos deu e, claro, usa quem quiser.

Analise a situação, mas use de total sinceridade com você. Se achar importante transformar alguma característica sua que você nunca tinha percebido, ótimo, faça isso. Se alguma coisa pode ser feita de um jeito melhor, é ótimo também, faça isso.

Mas se a questão toda gira em redor de uma opinião equivocada por parte de outros, você deve escolher o que é melhor e, como se diz por aí, decidir se você prefere ter paz ou ter razão.

Será que algo é mais importante que a sua paz?

Será realmente possível a obtenção de uma paz profunda que venha da necessidade egoica de confronto e batalha, de reduzir as relações a vencedores e derrotados, da necessidade de afirmação e reconhecimento, da constante disputa em ser melhor, em estar certo? É possível, assim, encontrar a paz?

Lao Tsé, naturalmente, fala isso em poucas palavras, muito mais bonitas e profundas, e vai além:

“Qualquer desejo não preenchido sequer chega a aparecer em nós. Qualquer trabalho sob nossa responsabilidade é realizado com uma facilidade natural. Somos capazes de criar uma atmosfera na qual todos se sentem confortáveis. É como se o espelho interior se tornasse limpo, nos permitindo ver claramente o que devemos fazer.

A simplicidade nos permite ter coragem e fé, e é isso que cria o sucesso. Ela nos permite desapegar de coisas velhas. A simplicidade nos permite sermos mais amorosos conosco e com os outros. E isso é o que desenvolve o auto-respeito. E, vivendo de um modo simples, a especialidade de cada um se torna clara e podemos facilmente ver o valor de cada um.”

Cultivar a paz através da simplicidade é, em suma cultivar a autoestima, desenvolver o desapego, olhar melhor para nós, desenvolver nossas virtudes, nos elevarmos espiritualmente, aperfeiçoar nossas qualidades, encontrar nosso propósito, cumprir nossa missão terrena.

Noemi C. Carvalho

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