
Os obsessores são espíritos muito inteligentes e persistentes.
Os obsessores são muito inteligentes, persistentes e têm uma grande capacidade de argumentação e convencimento. Além disso, eles conhecem muito a vida de todos que estão envolvidos na trama que eles orquestram. Você vai constatar isso ao ler, logo abaixo, sobre um caso de desobsessão.
Quando se leva uma pessoa obsidiada a uma casa espírita, a entidade obsessora sonda a casa e, principalmente, os membros que a frequentam.
Eles analisam os médiuns, com especial atenção nos pontos falhos desses trabalhadores, para poder utilizá-los em prol de sua trama.
Esses arquitetos do mal usam a fofoca e a crítica, incentivam as calúnias, estimulam favorecimentos e encorajam o orgulho, objetivando explorar a culpa das pessoas para, assim, melhor manipulá-las.
A oração do amor e o jejum moral.
A recomendação básica para os médiuns encarregados de manter contato com os espíritos obsessores é “Orai e Jejuai”.
Mas essa é a oração do amor, da caridade e do bem, e nãos as palavras esquematizadas que dependem mais da memória do que do coração.
E o jejum mais importante é o moral, aquele que nos separa da sensualidade viciante, do ódio, aquele que evita que engulamos mágoas e deixemos o rancor permanecer em nosso interior. É o jejum que nos traz a força moral que autoriza dizer a um espírito: “Saia!”
Os espíritos somente respeitam aqueles cujas preces produzem a transformação moral do indivíduo para melhor, com o que ele adquire autoridade perante os espíritos desencarnados.
Divaldo conta um caso de desobsessão.
Ouvi um relato de Divaldo Franco sobre um bom exemplo de como é um trabalho de desobsessão, e o que pode ocorrer num caso desses nas sessões mediúnicas.
“…Nunca me esquecerei, quando ingressei no movimento espírita, a mediunidade aturdida, me levaram de imediato a uma sessão mediúnica em um centro espírita.
Cheguei na sessão mediúnica entre o pavor e o desespero, acompanhando as comunicações sem as entender.
De repente, comunica-se uma entidade e o diretor dos trabalhos, o dialogador, “o psicoterapeuta dos desencarnados”, como chama Manuel Philomeno de Miranda, volta-se para o espírito.
Diz, então, uma série de palavras desconexas às quais o espírito não dá importância. Era uma entidade rebelde, a quem o dialogador chamava de obsessor, com certo desprezo.
– Você é um obsessor.
O espírito diz:
– Sim, me tornei obsessor porque tive a minha vida ceifada por este miserável de quem me utilizo – e se referia ao médium angustiado que incorporava o obsessor.
O doutrinador, no alto da sua empáfia, estende a mão com o dedo apontado em riste e fala:
– Em nome de Deus, eu lhe ordeno, saia dele!
O espírito dá um sorriso de zombaria e responde:
– Em nome de Deus, não saio dele.
Divaldo relata os seus pensamentos: – E eu, comigo que será? Então ao invés de rezar, abri os olhos para não ser vítima também de alguém que não saísse de mim. Fiquei olhando, e o doutrinador, encolerizado, disse ao obsessor:
– Mas eu estou ordenando!
E o espírito, zombando, retruca:
– Quem é você para ordenar alguma coisa, você não ordena nem sua própria vida, é desequilibrado!
Divaldo pensa, então: – Ave Maria, é mesmo! Porque em cidade do interior a gente sabe da vida de todo mundo… E a vida dele era mais ou menos pública, para não dizer que era popular.
Uma mediação humilde e amorosa.
Em seguida, o espírito esbraveja, o homem esbraveja , até que uma senhora muito modesta, afrodescendente, médium com Jesus, sorri humilde e diz ao dialogador:
– Meu irmão, um momentinho.
Ela se volta para a entidade em aflição, para o médium em convulsão, e diz:
– Meu irmão, eu peço, em nome de nosso senhor Jesus Cristo, fique em paz. Você está sofrendo muito. Não compensa o mal o que você está fazendo.
É certo que este ser que aí está prejudicou você, tirou a sua paz, e você hoje sofre porque ele é o responsável. Mas será justo que você lhe cobre, para que ele venha depois lhe cobrar, e isso não acabe nunca?
Lembre-se de Jesus crucificado, meu irmão, na cruz enquanto soldados apostavam sobre as suas vestes. Ele contempla a noite que se fez na tarde e diz com lágrimas: “Perdoa-os, meu Pai, eles não sabem o que fazem.”
Se você não puder perdoá-lo, desculpe a ignorância dele. O meu, o nosso desejo, é que você seja feliz. Faz tanto tempo que você sofre…
Não acha que chegou o momento de você ter paz? Eu lhe suplico, em nome de Jesus que nos ama tanto, vai em paz.
Como terminou a sessão de desobsessão.
Pelos olhos do médium vertiam lágrimas, a voz estava presa na garganta mediúnica, e o espírito diz:
– Ó alma boa, há quanto tempo ninguém me chama de irmão. Dizem que sou obsessor, que sou desventurado, é verdade. Eu irei, não sei para onde.
Ela lhe responde assim:
– Ao seu lado, um anjo bom segurará a sua mão, porque Jesus veio para nós: você e eu, os pobres e os infelizes. Volte depois, quando estiver feliz, para que nos sintamos felizes com a sua felicidade.
Houve um silêncio tumular, o médium se recompôs, a sessão asserenou, o dialogador soberbo baixou a cabeça, envergonhado.
Ela abriu os braços e um espírito venerando falou pelos seus lábios. Eram gotas de luz que balsamizavam as nossas almas.
E nunca me esqueci.
Ela jejuava, aquela alma alcandorada era um espírito muito elevado que estava depurando equívocos do passado, para render se à Divindade na sua glória estelar.”
Vemos, por esse relato, que a autoridade moral é obtida não pelas palavras, mas pelo exemplo de vida, na prática do dia a dia.
José Batista de Carvalho
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