
Dois amigos falam sobre o supérfluo na vida.
Uma simples conversa, num encontro casual de dois amigos, que acabaram falando sobre o que é supérfluo na vida. Mas ela deu origem a um ensinamento que vale para todo mundo. Este é o encontro com Chico Xavier, que Ramiro Gama conta de seguinte forma:
“Numa sexta-feira do mês de março de 1956, encontramos o Chico na hora do correio e palestramos. Depois, fomos andando e admirando os novos prédios que modificam a feição urbanística de Pedro Leopoldo. No ar, sentíamos um assunto provocando-nos o pensamento: o supérfluo.
E lembramos ao Médium a preocupação demasiada de certas criaturas com a construção luxuosa de suas residências, colocando-lhes enfeites, bem-estar excessivo, dando ganho de causa à superfluidade. Perdem tempo, dinheiro, esforço, saúde na criação de monumentos residenciais. E depois não se beneficiam com os exageros de seu luxo, de sua vaidade, de sua preocupação material…
Uns, como naquele caso evangélico, desencarnam deixando na terra o tesouro onde colocaram o coração… Outros não chegam a realizar seus sonhos, a desilusão vem no desencarne de um ente amado e em sofrimentos que lhes aparecem como verdadeiros educadores…
O Chico, colaborando com a nossa conceituação objetiva contra o supérfluo, conta-nos casos preciosos. Abraçamo-nos e cada um foi para seu lado. À noite, no Luiz Gonzaga, a sessão corre, como sempre, num clima de elevação e respeito.
O Evangelho, aberto ao acaso, oferece-nos na preciosa Lição do Capítulo 16º, “Não se pode adorar a Deus e a Mamon” e, no final, Emmanuel, obsequia-nos com a luminosa página com o título “O Supérfluo”.
O Supérfluo
Por toda parte na Terra, vemos o fantasma do supérfluo enterrando a alma do homem no sepulcro da aflição.
Supérfluo de posses estendendo a ambição…
Supérfluo de dinheiro gerando intranquilidade…
Supérfluo de preocupações imaginárias, abafando a harmonia…
Supérfluo de indagações empanando a fé…
Supérfluo de convenções expulsando a caridade…
Supérfluo de palavras destruindo o tempo…
Supérfluo de conflitos mentais determinando a loucura…
Supérfluo de alimentação aniquilando a saúde…
Supérfluo de reclamações arrasando o trabalho…
Entretanto, se o homem vivesse de acordo com as próprias necessidades, sem exigir o que ainda não merece, sem esperar o que lhe não cabe, sem perguntar fora de propósito e sem reprovar nos outros’ aquilo que ainda não retificou em si mesmo, decerto, a existência na Terra estaria exonerada de todos os tributos que aí se pagam diariamente à perturbação.
Se procuras no Cristo o Mentor de cada dia, soma as tuas possibilidades no bem, subtrai as próprias deficiências, multiplica os valores do serviço e da boa vontade, e divide o amor para com todos, a fim de que aprendas com a vida o que te convém realmente à própria segurança.
O problema da felicidade não está em sermos possuídos pelas posses, quaisquer que elas sejam, mas em possuí-las, com prudência e serenidade, usando-as no bem de todos que é o nosso próprio bem.
Alija o supérfluo de teu caminho e acomoda-te com o necessário à tua paz.
Somente assim encontrarás em ti mesmo o espaço mental indispensável à comunhão pura e simples com o nosso Divino Mestre e Senhor.
Emmanuel
Como vemos, os Espíritos do Senhor, à frente o querido Guia de Chico Xavier, ouviram-nos a palestra construtiva, alegraram-se conosco, como se entristeceriam se nos ouvissem maldizendo e futilizando, e, desejando colaborar com os nossos conceitos, sempre pobres de luzes, ofertaram-nos mais uma jóia espiritual do tesouro de seus corações evangelizados.”
Ramiro Gama
Do livro “Lindos Casos de Chico Xavier”, de Ramiro Gama
Referência
1 – Ramiro Gama (nascido em dezembro de 1898 e desencarnado em maio de 1981) foi jornalista, escritor, poeta, conferencista e espírita dos mais atuantes, com dezenas de obras publicadas.
Das oportunidades que teve para se encontrar com Chico Xavier e das conversas descontraídas, compilou várias das histórias que ouviu do abnegado médium.
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