
Qual a diferença entre a vida material e a vida espiritual?
O perispírito é, por assim dizer, um dos elementos que nos compõem. Mas antes de falar sobre ele, vamos a uma breve introdução para entender a diferença que existe entre o plano material e o plano espiritual.
Um dos pontos principais da Doutrina Espírita é a constatação que a vida corpórea ou material é constituída por todos aqueles que habitam o mundo visível ou corpóreo.
Por outro lado, os seres imateriais, isto é, os Espíritos, habitam o mundo invisível ou espírita, aquele que representa “o mundo normal, primitivo, eterno, preexistente e sobrevivente a tudo; o mundo corporal é secundário; poderia deixar de existir, ou não ter jamais existido, sem que por isso se alterasse a essência do mundo espírita.”
Como o Espírito vive no mundo material?
Para poder habitar e se adaptar ao mundo corpóreo e material os Espíritos “revestem temporariamente um invólucro material perecível, cuja destruição pela morte lhes restitui a liberdade.”
O ser humano é composto, então, por três elementos distintos e essenciais:
- o corpo ou ser material análogo aos animais e animado pelo mesmo princípio vital;
- a alma, o Espírito encarnado que tem no corpo a sua habitação;
- o laço ou perispírito, substância semimaterial, um princípio intermediário entre a matéria e o Espírito que serve de primeiro envoltório ao Espírito e o liga ao corpo.
Desta forma, temos duas naturezas distintas:
- pelo corpo, participamos da natureza dos animais, tendo em comum os instintos;
- pela alma, participamos da natureza dos Espíritos.
O que é o perispírito?
O perispírito é um laço que liga o Espírito ao corpo físico, uma espécie de envoltório semimaterial. Isto é, tem uma natureza intermediária entre o Espírito e o corpo, de modo que os dois possam comunicar-se um com o outro, pois “por meio desse laço é que o Espírito atua sobre a matéria e reciprocamente.”
Com a morte do corpo material, acontece a destruição desse invólucro mais grosseiro, mas o Espírito conserva o perispírito, “que lhe constitui um corpo etéreo, invisível para nós no estado normal, porém, que pode tornar-se acidentalmente visível e mesmo tangível, como sucede no fenômeno das aparições.”
Esse laço é fluídico, e portanto “a alma não se acha encerrada no corpo, qual pássaro numa gaiola. Irradia e se manifesta exteriormente, como a luz através de um globo de vidro, ou como o som em torno de um centro de sonoridade.”
Pode-se, assim, dizer que a alma é exterior ao corpo, mas não que seja o seu envoltório, pois a alma, como vimos, tem dois invólucros. Um deles sutil e leve, representado pelo perispírito, e outro mais grosseiro e pesado, que é o corpo material.
A alma se separa do corpo?
A alma, ou espírito encarnado, se desprende do corpo material quando este chega ao final da sua vida. Com a morte, os laços que os uniam se rompem para que seja feito o desligamento. Assim, o Espírito pode retornar ao seu ambiente primeiro, ao plano espiritual.
Essa separação não é instantânea, e “a alma se desprende gradualmente, não escapa como um pássaro cativo a que se restitua subitamente a liberdade. Aqueles dois estados se tocam e confundem, de sorte que o Espírito se solta pouco a pouco dos laços que o prendiam. Estes laços se desatam, não se quebram.”
Entretanto, não existe um tempo certo para que se complete o desligamento entre o corpo e o Espírito. Este é variável, sendo que “em uns é bastante rápido, podendo dizer-se que o momento da morte é o da libertação, com apenas algumas horas de diferença.
Em outros, naqueles sobretudo cuja vida foi toda material e sensual, o desprendimento é muito menos rápido, durando algumas vezes dias, semanas e até meses, o que não implica existir, no corpo, a menor vitalidade, nem a possibilidade de volver à vida.”
Portanto, quando a pessoa vive somente em função do que é material, mais difícil e lento é o processo de desligamento, uma vez que o Espírito reluta em deixar aquilo a que dava importância.
Existem casos que podem ser extremamente penosos, em que “o Espírito pode experimentar o horror da decomposição. Este caso, porém, é excepcional e peculiar a certos gêneros de vida e a certos gêneros de morte. Verifica-se com alguns suicidas.”
Por outro lado, “a atividade intelectual e moral, a elevação dos pensamentos operam um começo de desprendimento, mesmo durante a vida do corpo, de modo que, chegando a morte, ele é quase instantâneo.”
Como o Espírito desencarnado se serve do perispírito?
A morte causa a destruição do corpo, mas não do perispírito. É assim que os Espíritos, mesmo não tendo corpo, se distinguem e mantêm sua individualidade. Nesse sentido, o perispírito funciona para o Espírito do mesmo modo que o corpo para o ser humano, diferenciando cada um por aspectos particulares.
O perispírito é formado a partir do “fluido universal de cada globo, razão pela qual não é idêntico em todos os mundos.” Um Espírito que se locomove de um mundo a outro vai, então, mudar o seu envoltório perispiritual, de forma semelhante como quando mudamos de roupa.
E de acordo com o grau de evolução do Espírito, ele pode modificar sua forma e aparência, com a qual pode aparecer para nós em sonho ou mesmo no estado de vigília.
Noemi C. Carvalho
Texto baseado em “O Livro dos Espíritos” – Allan Kardec
(com trechos extraídos da mesma obra)
ASSINE GRATUITAMENTE NOSSA NEWSLETTER
LêAqui: a mensagem certa na hora certa.
Também nas redes sociais: Facebook – Instagram – Pinterest –Twitter – YouTube
Você precisa fazer login para comentar.