
O sonho da mãe de São Francisco.
Conta-se que a mãe de Francisco era jovem, mas muito espiritualizada. Seu nome era Maria Picallina, e era chamada carinhosamente de Pica em seu lar. Certo dia, quando estava lendo o Evangelho e explicando as suas palavras para as duas aias que lhe faziam companhia, parou e comentou com Jarla:
– Olhe, Jarla, vou ter um filho. Já sonhei com ele. É um Anjo! Queira Deus que esse sonho seja verdadeiro.
A velha dama de companhia sorriu e então abençoou a vontade da sua senhora, respondendo:
– Que bom, vamos ter um santo em casa!
Logo em seguida, entrou correndo uma serviçal meio alvoroçada, dizendo:
– Madrinha Jarla! Dona Quina está gritando; vamos lá, ela está chamando a senhora!
Logo que chegaram ao aposento da velha senhora, ela contou que viu um Anjo entrando em seu quarto.
Pela notícia da antiga serva, a senhora ligou os fatos com o seu sonho. Trocou olhares alegres com sua ama de leite, ambas sorriram, e Jarla então disse:
– Meu Deus, senhora, será o nosso Anjo sendo visto por mais pessoas, para confirmação do teu sonho?
– Que Deus seja louvado! Que assim seja!, exultou a futura mãe de Francisco.
Quando percebeu que seu filho estava para chegar, a jovem mãe quis deixar o luxo da mansão onde morava e ir para a estrebaria, “para que seu filho nascesse na simplicidade da pureza dos animais, quase se repetindo o quadro do nascimento de Jesus.”
Francisco chega à Terra para relembrar os ensinamentos de Jesus.
São Francisco de Assis chegou ao mundo no ano de 1182, na conturbada e violenta Idade Média. Ele veio com a missão de restabelecer os conceitos trazidos por Jesus, a cada dia mais esmaecidos: o amor e a humildade, o perdão e a simplicidade.
O opressivo e arbitrário poder dos senhores feudais, as Cruzadas, os tribunais de Inquisição, deram motivo ao plano espiritual para que enviasse luz, força, caminhos e esperança aos sofredores, perseguidos e injustiçados, através da singela figura de Francisco.
“Enquanto o homem medieval corria atrás do ouro como ponto único de obsessão, enquanto as nações matavam sem pensar nas consequências para acumular os bens terrenos, enquanto todos os povos amontoavam rações e mais rações para que a fome não os visitasse, Francisco de Assis trazia para eles uma mensagem diferente, sem carregar ouro ou prata, sem ter duas vestes, sem possuir uma pedra na qual pudesse reclinar a cabeça.
O alimento que adquiria durante o dia, distribuía à noite para os famintos, e mostrava a excelência dos melhores tesouros e a concentração de todos eles, que era o Amor. Quem quisesse ser o mais afortunado, que amasse mais dentre todos.”
São Francisco, com uma vida de fé e esperança, trouxe o céu para perto da Terra.
Francisco, o “Pobrezinho de Assis”, era admirado por todos. Homens e animais, todos lhe devotam respeito, amizade e amor, pois a todos ele compreendia, respeitava e amava. Afinal, o amor universal e incondicional era a sua verdadeira religião.
Sua vida foi breve, e aos 44 anos voltou ao plano espiritual, mas deixou uma Terra transformada pelos seus ensinamentos, pelos seus exemplos de viver, pela sua alegria e ternura.
“As palavras de Francisco de Assis, de pureza e de alegria, de simplicidade e de amor, embelezavam todo o ambiente, tomando a vida plena de Fé e de Esperança, como um céu nos campos da Terra.
Mostrava o porvir da humanidade com os recursos do presente, abrindo para o mundo e para os homens novo capítulo na história, enriquecendo a vida e o nome de Jesus.
A poluição, naquela época, já se fazia visível na mente e no coração, de maneira a impedir que os raios do sol espiritual aquecessem os filhos da Terra. Francisco tivera a missão sublimada de ensinar vivendo e de viver ensinando.”
São Francisco de Assis marcou sua passagem na Terra pela sua terna simplicidade, sua bondade infinita e seu amor transbordante. Antes de cultuar as coisas do Espírito, ele cultuava as coisas da Terra, respeitando, amando e se irmanando a toda a Criação de Deus.
Noemi C. Carvalho
Texto baseado em passagens do livro “Francisco de Assis”, do espírito Miramez, psicografado por João Nunes Maia (com trechos da mesma obra)
Referências
Fernando Miramez de Olivídeo nasceu na Espanha, em família nobre. Em 1649 chegou ao Brasil a mando do Rei Filipe IV. Mas ele se ambientou tão bem, logo falando com os nativos indígenas e os escravos africanos em suas línguas, que doou todos os seus bens a entidades assistenciais de seu país natal e aqui ficou.
Sempre pronto a aliviar os sofrimentos físicos e espirituais de seus irmãos mais humildes, quando Miramez estava em seu leito de morte formaram-se filas para beijar-lhe as mãos, num gesto de gratidão e reconhecimento.
João Nunes Maia nasceu em Minas Gerais em 1923 e lá faleceu em 1991. Frequentava as reuniões espíritas em Pedro Leopoldo, e assim conheceu e se tornou amigo de Chico Xavier. Numa reunião mediúnica na União Espírita Mineira (UEM), identifica-se com o Espírito de Fernando Miramez de Olivídeo, seu guia espiritual e autor de vários livros.
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