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visão de um cemitério com os túmulos cemitérios no Dia de Finados

Como ficam os cemitérios no Dia de Finados

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O Dia de Finados teve origem entre os celtas.

O dia 2 de novembro, conhecido como Dia de Finados, atrai um grande número de pessoas aos cemitérios afim de relembrar e homenagear os seus parentes e afetos queridos que têm os seus corpos ali sepultados.

Conforme o médium espírita Léon Denis, cabe aos celtas a definição de uma data determinada para cultuar a lembrança dos mortos. Foram os Druidas, que na sociedade celta atuavam como filósofos e sacerdotes e além disso serviam de aconselhadores, os responsáveis por organizar esse culto.

Os celtas acreditavam na continuidade da existência após a morte e por isso eles se reuniam um dia por ano para evocar e prestar homenagens aos espíritos, e não aos mortos. Outro detalhe é que este culto era realizado nos lares, e não nos cemitérios.

A celebração do Dia dos Mortos pela igreja católica.

A igreja católica desde o século II celebra o dia dos fiéis defuntos com a visita aos túmulos dos mártires para orar por eles.

A partir do século V, essa celebração passou a ter um dia determinado no ano, para que fossem feitas as preces pelos mortos, e assim eles não fossem esquecidos.

O dia dois de novembro foi fixado pela igreja como o dia para se lembrar, homenagear e orar pelos mortos, a partir do século XIII. Essa data foi escolhida por ser o dia seguinte à festa de Todos os Santos.

A Doutrina Espírita e as homenagens aos mortos.

Ao estudarmos ‘O Livro dos Espíritos’ encontramos a questão 321, na qual Kardec pergunta aos Espíritos especificamente sobre o Dia de Finados.

Pergunta: “O dia da comemoração dos mortos tem, para os Espíritos, algo de mais solene? Preparam-se para ir visitar aqueles que vão orar sobre seus despojos?”
“Os Espíritos atendem ao chamado do pensamento, nesse dia, como nos outros.”

A visita aos cemitérios no Dia de Finados para prestar homenagem aos mortos afasta a crença na continuidade da vida. Lá estão enterrados os despojos, pois o Espírito não reside nas necrópoles.

O ente querido que agora está no plano espiritual pode ser homenageado em qualquer lugar e em qualquer dia. Isso pode ser feito através da prece afetuosa, da lembrança enternecida que traz conforto aos corações em ambos os planos.

Lembremos que aqueles Espíritos com certo nível de evolução, despidos das vaidades terrenas, dispensam homenagens e saudações. Eles sabem da inutilidade de ostentações, que mais agradam os que aqui ficam do que quem está se libertando das ilusões da matéria.

Também em ‘O Livro dos Espíritos’, na mesma questão 321, Kardec pergunta: “Esse é, para eles, um dia de encontro junto de suas sepulturas?”
– “Nesse dia, eles lá estão em maior número, porque há mais pessoas que os chamam; porém, cada um deles só comparece ali pelos seus amigos e não pela multidão dos indiferentes.”

O que acontece nos cemitérios no Dia de Finados: o relato de um falecido.

Temos um belo texto do Irmão X que está no livro ‘Cartas e Crônicas’, psicografado por Francisco Cândido Xavier. Nele encontramos a descrição em detalhes de como são os cemitérios no Dia de Finados.

Carta de um morto

“Pede-me você notícias do cemitério nas comemorações de Finados. E como tenho em mãos a carta de um amigo, hoje na Espiritualidade, endereçada a outro amigo que ainda se encontra na Terra, acerca do assunto, dou-lhe a conhecer, com permissão dele, a missiva que transcrevo, sem qualquer referência a nomes, para deixar-lhe a beleza livre das notas pessoais.

Eis o texto em sua feição pura e simples:

‘Meu caro, você não pode imaginar o que seja entregar à terra a carcaça hirta no dia dois de novembro.

Verdadeira tragédia para o morto inexperiente.

Lembrar-se-á você de que o enterro de meu velho corpo, corroído pela doença, realizou-se ao crepúsculo, quando a necrópole enfeitada parecia uma casa em festa.

Achava-me tristemente instalado no coche fúnebre, montando guarda aos meus restos, refletindo na miserabilidade da vida humana…

Contemplando de longe minha mulher e meus filhos, que choravam discretamente num largo automóvel de aluguel, meditava naquele antigo apontamento de Salomão – ‘vaidade das vaidades, tudo é vaidade’ –, quando, à entrada do cemitério, fui desalojado de improviso.

As diferentes multidões que percorrem os cemitérios no Dia de Finados.

Na multidão irrequieta dos vivos na carne, vinha a massa enorme dos vivos de outra natureza. Eram desencarnados às centenas, que me apalpavam curiosos, entre o sarcasmo e a comiseração.

Alguns me dirigiam indagações indiscretas, enquanto outros me deploravam a sorte.

Com muita dificuldade, segui o ataúde que me transportava o esqueleto imóvel e, em vão, tentei conchegar-me à esposa em lágrimas.

Mal pude ouvir a prece que alguns amigos me consagravam porque, de repente, a onda tumultuária me arrebatou ao círculo mais íntimo.

Debalde procurei regressar à quadra humilde em que me situaram a sombra do que eu fora no mundo… Os visitantes terrestres daquela mansão, pertencente aos supostos finados, traziam consigo imensa turba de almas sofredoras e revoltadas, perfeitamente jungidas a eles mesmos.

Segredos, mágoas, rancor, materialismo, vingança.

Muitos desses Espíritos, agrilhoados aos nossos companheiros humanos, gritavam ao pé das tumbas, contando os crimes ocultos que os haviam arremessado à vala escura da morte. Outros traziam nas mãos documentos acusadores, clamando contra a insânia de parentes ou contra a venalidade de tribunais que lhes haviam alterado as disposições e desejos.

Você pode ler também:

>> O significado da morte, segundo a visão espírita

>> Você acredita em vida após a morte? Victor Hugo acreditava.

Pais bradavam contra os filhos. Filhos protestavam contra os pais.

Muitas almas, principalmente aquelas cujos despojos se localizam nos túmulos de alto preço, penetravam a intimidade do sepulcro e, de lá, desferiam gemidos e soluços aterradores, buscando inutilmente levantar os próprios ossos, no intuito de proclamar aos entes queridos verdades que o tímpano humano detesta ouvir.

Muita gente desencarnada falava acerca de títulos e depósitos financeiros perdidos nos bancos, de terras desaproveitadas, de casas esquecidas, de objetos de valor e obras de arte que lhes haviam escapado às mãos, agora vazias e sequiosas de posse material.

Mulheres desgrenhadas clamavam vingança contra homens cruéis, e homens carrancudos e inquietos vociferavam contra mulheres insensatas e delinquentes.

Quando terminam as visitas aos cemitérios no Dia de Finados.

Talvez porque ainda trouxesse comigo o cheiro do corpo físico, muitos me tinham por vivo ainda na Terra, capaz de auxiliá-los na solução dos problemas que lhes escaldavam a mente, e despejavam sobre mim alegações e queixas, libelos e testemunhos.

Observei que os médicos, os padres e os juízes são as pessoas mais discutidas e criticadas aqui, em razão dos votos e promessas, socorros e testamentos, nos quais nem sempre corresponderam à expectativa dos trespassados.

Em muitas ocasiões, ouvi de amigos espíritas a afirmação de que há sempre muitos mortos obsidiando os vivos mas, registrando biografias e narrações, escutando choro e praga, tanto quanto vendo o retrato real de muitos, creio hoje que há mais vivos flagelando os mortos, algemando-os aos desvarios e paixões da carne, pelo menosprezo com que lhes tratam a memória e pela hipocrisia com que lhes visitam as sepulturas.

Tamanhos foram meus obstáculos, que não mais consegui rever os familiares naquelas horas solenes para a minha incerteza de recém-vindo, e, somente quando os homens e as mulheres, quase todos protocolares e indiferentes, se retiraram, é que as almas terrivelmente atormentadas e infelizes esvaziaram o recinto, deixando na retaguarda tão somente nós outros, os libertos em dificuldade pacífica, e fazendo-me perceber que o tumulto no lar dos mortos era uma simples consequência da perturbação reinante no lar dos vivos.

Conselho de amigo.

Apaziguado o ambiente, o cemitério pareceu-me um ninho claro e acolhedor, em que me não faltaram braços amigos, respondendo-me às súplicas, e a cidade, em torno, figurou-se-me, então, vasta necrópole, povoada de mausoléus e de cruzes, nos quais os espíritos encarnados e desencarnados vivem o angustioso drama da morte moral, em pavorosos compromissos da sombra.

Como vê, enquanto a Humanidade não se habilitar para o respeito à vida eterna, é muito desagradável embarcar da Terra para o Além, no dia dedicado por ela ao culto dos mortos que lhe são simpáticos e antipáticos.

Peça a Jesus, desse modo, para que você não venha para cá, num dia dois de novembro. Qualquer outra data pode ser útil e valiosa, desde que se desagarre daí, naturalmente, sem qualquer insulto à Lei. Rogue também ao Senhor que, se possível, possa você viajar ao nosso encontro, num dia nublado e chuvoso, porque, em se tratando de sua paz, quanto mais reduzido o séquito no enterro será melhor.

E porque o documento não relaciona outros informes, por minha vez termino também aqui, sem qualquer comentário.” – Irmão X

Vamos, portanto, trazer à lembrança, todos os dias, os belos momentos e a afeição que permanece daqueles que agora estagiam no plano espiritual, afinando os seus conhecimentos, fortalecendo as suas forças, aguardando o dia do reencontro.

José Batista de Carvalho

LêAqui: a mensagem certa na hora certa.

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