Uma peregrinação pela paz e união que não foi possível por causa da guerra.
As viagens de São João Paulo II em torno de nosso planeta levaram paz, amor, união, fé e esperança, deixando em cada um dos locais visitados um marco espiritual indestrutível, uma fonte da energia de Jesus tão necessária para todos nós hoje, nesta terra assolada pela peste.
São João Paulo II, em 29 de junho de 1999 na sua “Carta sobre as peregrinações aos lugares ligados à história da salvação”, expressou sua vontade de poder visitar Ur dos Caldeus, no Ano Santo de 2000.
Infelizmente seu propósito não se realizou por causa de uma guerra.
A peregrinação do Santo Papa ao sagrado solo de Ur, marcaria pela primeira vez a presença de um papa à terra de Abraão, um local admirável, patrimônio das três religiões monoteístas, marcos de nossa fé.
Joao Paulo pretendia, assim, percorrer os caminhos que os patriarcas das religiões monoteístas fizeram para solidificar a fé em conjunto com os outros líderes religiosos.
Seria, assim, uma maneira de fortalecer a fé e reavivar os sentimentos que constroem a Paz, o estado sublime do Amor de Deus.
O Papa Francisco realiza o desejo de São João Paulo II.
Fico aqui imaginando que mundo teríamos hoje se nos fosse possível, na época, termos assistido pela televisão cristãos de diversas denominações, muçulmanos xiitas e sunitas, judeus, yazidis, zoroastristas, entre outros, de mãos dadas erguidas, estendidas ao céu buscando a união na Paz.
Vinte e um anos depois, o Papa Francisco realizará o desejo que São João Paulo II não pode concretizar: visitar o Iraque.
Na audiência de 3 de março de 2021, o Papa Francisco pediu para todos orarem em favor de sua viagem ao Iraque, para que ela possa se realizar como planejado, sem que ocorram problemas nem cancelamentos, como aconteceu com São João Paulo II.
“Depois de amanhã”, disse o Papa Francisco, “se Deus quiser, irei ao Iraque para uma peregrinação de três dias. Há algum tempo desejo encontrar aquele povo que tanto sofreu; encontrar aquela Igreja mártir na terra de Abraão. Junto com outros líderes religiosos, também daremos outro passo em frente na fraternidade entre os crentes.
Peço-lhes para acompanhar com oração esta Viagem Apostólica, para que possa se realizar da melhor forma e dê os frutos esperados. O povo iraquiano nos espera; esperava São João Paulo II, que foi proibido de ir. Não se pode desapontar um povo pela segunda vez. Oremos para que esta viagem possa ser bem feita.”
Os preparativos para essa viagem exigiram esforços redobrados de vários departamentos do Vaticano, por causa de inúmeras e complexas tratativas diplomáticas, meticulosas operações de segurança, além das necessárias cautelas impostas pela Covid-19.
“Sois todos irmãos.”
Francisco, em sua missão de reconstruir a Igreja de Cristo, sai em peregrinação apostólica buscando resgatar as pedras perdidas que desmoronaram do templo do Senhor, uni-las, e assim mostrar que cada um de nós é uma pedra essencial no alicerce da Paz.
Em 2019, o Papa Francisco declarou a intenção de visitar o Iraque e Ur.
“Um pensamento insistente acompanha-me, refletindo sobre o Iraque — onde tenho vontade de ir no próximo ano — para que possa olhar em frente através da participação pacífica e compartilhada na construção do bem comum de todos os componentes da sociedade, até religiosos, e não volte a cair em tensões que derivam dos conflitos nunca resolvidos das potências regionais.”
Em função da pandemia da Covid-19 foi feita alteração no plano inicial. Em dezembro de 2020, Francisco confirmou a viagem que terá início na próxima sexta-feira (05/03).
José Batista de Carvalho