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cena do filme Nosso Lar quando o espírito de André Luiz se depara com o Umbral semelhante ao inferno

O inferno arde em nossa consciência

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Cena do filme Nosso Lar – Divulgação

Num continente, os horrores da guerra. Em outro, a elucidação da vida futura.

Enquanto na Europa a 2ª Guerra Mundial vivia acontecimentos cruciais e violentos que enterravam nas mentes humanas o medo da eterna condenação, em terras brasileiras surgia a explicação de que, na verdade, o inferno arde em nossa consciência.

Em 1944, pelas mãos de Chico Xavier, André Luiz descreve como são as moradas na casa do Pai: as colônias espirituais e também as zonas de depuração denominadas, no livro “Nosso Lar”, como Umbral.

Nosso Lar é uma colônia espiritual destinada ao socorro, restauração e educação para os espíritos. Nesta colônia, os espíritos são preparados para o prosseguimento de suas jornadas evolutivas.

André Luiz conta que ficou sob os cuidados de Lísias durante o período de sua adaptação e, enquanto Lísias mostrava a colônia ao recém-chegado, aproveitava para explicar como era a vida no plano espiritual.

Dentre as inúmeras dúvidas, André questionou sobre o local tenebroso de onde foi resgatado.

Que seria o Umbral?

André Luiz contou a Lísias que tinha aprendido na Igreja Católica que quem infringia as leis de Deus, conforme a gravidade de seus atos, era encaminhado ao purgatório ou ao inferno. Estivera ele, por ventura, em um desses locais?

Encontramos no Capítulo 12 de Nosso Lar a explicação de Lísias:

“- O Umbral começa na crosta terrestre. É a zona obscura de quantos no mundo não se resolveram a atravessar as portas dos deveres sagrados, a fim de cumpri-los, demorando-se no vale da indecisão ou no pântano dos erros….”

Para melhor esclarecer, continua Lísias,

“- Imagine que cada um de nós, renascendo no planeta, somos portadores de uma vestimenta suja, para lavar no tanque da vida humana. Essa roupa imunda é o corpo causal, tecido por nossas mãos, nas experiências anteriores.

Compartilhando, de novo, as bênçãos da oportunidade terrestre, esquecemos, porém, o objetivo essencial, e, ao invés de nos purificarmos pelo esforço da lavagem, manchamo-nos ainda mais, contraindo novos laços e encarcerando-nos a nós mesmos em verdadeira escravidão.”

O céu, o purgatório e o inferno.

– De acordo, então, com o que vindes de dizer, o inferno e o paraíso não existem, tais como o homem os imagina?

“São simples alegorias: por toda parte há Espíritos ditosos e desditosos. Entretanto, conforme também já dissemos, os Espíritos de uma mesma ordem se reúnem por simpatia; mas podem reunir-se onde queiram, quando são perfeitos.

A localização absoluta das regiões das penas e das recompensas só na imaginação do homem existe. Provém da sua tendência a materializar e circunscrever as coisas, cuja essência infinita não lhe é possível compreender. – Livro dos Espíritos, questão: 1012

– Que se deve entender por purgatório?

“Dores físicas e morais: o tempo da expiação. Quase sempre, na Terra é que fazeis o vosso purgatório e que Deus vos obriga a expiar as vossas faltas.” – Livro dos Espíritos, questão: 1013

Essas respostas que encontramos em O Livro dos Espíritos definem que a concepção de purgatório, paraíso e inferno, na verdade, deve ser melhor entendida como sendo estados interiores, estados morais de felicidade ou tormento que os comportamentos dos espíritos, encarnados ou não, desenvolvem.

Umbral e inferno representam a mesma coisa?

Ao falarmos de Umbral, a confusão com os conceitos de inferno e purgatório ocorre, certamente, por uma questão cultural disseminada pela Igreja.

O purgatório é descrito como um local de sofrimentos onde os recém-desencarnados ficam para expiar seus erros e pecados e assim despertar para elevação a outras esferas. Por outro lado, o inferno é onde, por toda a eternidade, serão torturados os pecadores.

“É pelo pensamento que os homens encontram no Umbral os companheiros que afinam com as tendências de cada um. Toda alma é um ímã poderoso.”
André Luiz

O Umbral, entretanto, é uma dimensão, é um estado vibratório formado pela energia de sentimentos e de ideias inferiores, que criam uma psicosfera a partir da crosta terrestre.

E é onde todos aqueles que vibram na baixa sintonia daquele local ficam, então, aprisionados em seus instintos inferiores, em seus vícios e paixões mesquinhas.

O seu aspecto é descrito como tenebroso, lúgubre, com tempestades e sombras aterradoras, com charcos lamacentos onde os espíritos se debatem e de onde não conseguem se desprender.

Enfim, todos os cenários que de alguma forma nos foram relatados são, em verdade, plasmados pelos horrores interiores, pela ignorância e pelo esquecimento de Deus por aqueles que lá se consomem na dor por eles mesmos infringida.

Não se pode fugir ao julgamento da própria consciência.

Neste ponto geralmente nos fazemos a mesma pergunta que André expressou a Lísias:

“- Por que Deus permitiu que um lugar como esse fosse criado?”

O bondoso enfermeiro mais uma vez nos esclarece:

“– Ora, se ao voltarmos ao mundo  procurávamos um meio de fugir à sujidade, pelo desacordo de nossa situação com o meio elevado, como regressar a esse mesmo ambiente luminoso em piores condições?

“Todo espírito, esteja onde estiver, é um núcleo irradiante de forças que criam, transformam ou destroem, exteriorizadas em vibrações.”
André Luiz

O Umbral funciona, portanto, como região destinada a esgotamento de resíduos mentais; uma espécie de zona purgatorial, onde se queima a prestações o material deteriorado das ilusões que a criatura adquiriu  por atacado…”

Esse conteúdo deteriorado, fruto de pensamentos ilusórios e de ações comprometedoras, é o material que gera novas dívidas que se levam para o plano espiritual.

Dessa forma, se não há a consciência da necessidade de mudar, deixando para trás os velhos pensamentos maléficos, vícios e instintos inferiores, um contínuo e vicioso ciclo de reencarnação e volta ao Umbral será estabelecido.

Lísias observa que, de fato, muitos se comprazem por logos períodos nessa zona vibratória, em função de estacionarem em seus sentidos inferiores, exaltando o egoísmo e a crueldade como formas de vingança.

Ele assim exemplifica:

“-… nesses núcleos possuem infelizes, malfeitores e vagabundos de várias categorias. É zona de verdugos e vítimas, de exploradores e explorados.”

A ligação entre o plano material onde vivemos e o plano espiritual do Umbral.

Em dado momento da conversação, André se dá conta de um fato preocupante:

“ – Creio que essa esfera se mistura quase com a esfera dos homens.”

“- Sim… é nessa zona que se estendem os fios invisíveis que ligam as mentes humanas entre si. O plano está repleto de desencarnados e de formas-pensamento dos encarnados, porque, em verdade, todo espírito, esteja onde estiver, é um núcleo irradiante de forças que criam, transformam ou destroem, exteriorizadas em vibrações.

Quem pensa, está fazendo alguma coisa alhures. E é pelo pensamento que os homens encontram no Umbral os companheiros que afinam com as tendências de cada um. Toda alma é um ímã poderoso.”

Essa informação prestada pelo amigo espiritual reforça a importância de observarmos e praticarmos em todos os instantes a máxima “orai e vigiai”, pois o pensamento possui força e direção. E os pensamentos e os sentimentos por nós acalentados funcionam como bússola orientadora.

O egoísmo, o orgulho, a vaidade, a inveja e os demais vícios orientam a força do pensamento para essas zonas umbralinas. E é dessa forma que propiciam as ligações e os laços energéticos que construirão mais maldade, sofrimento e dor, atrasando a evolução do espírito para zonas espirituais elevadas onde não haverá mais sofrimentos.

“Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.”

Nos esclarecimentos e orientações de Lísias encontramos mais esse trecho, que nos alerta sobre a importância de se conhecer a verdade:

“… fileiras de habitantes do Umbral, companheiros imediatos dos homens encarnados, separados deles apenas por leis vibratórias. Não é de estranhar, portanto, que semelhantes lugares se caracterizem por grandes perturbações. Lá vivem, agrupam­-se, os revoltados de toda espécie.”

A vida, sem dúvida, não se resume a este momento em que a personalidade por nós criada segue através de pensamentos e ações. Construímos em nós os caminhos para a elevação ou para os descaminhos do Umbral.

Portanto, é sensato renovar as atitudes, aprimorar os pensamentos, praticar o autoconhecimento para descobrirmos todas as nossas virtudes e também os muitos desequilíbrios que nos prendem aos instintos primários e emoções inferiores.

Assim, ao nos conhecermos, podemos enfrentar o maior inimigo de nossa vida: nós mesmos, o nosso orgulho que nos cega e o egoísmo que nos isola da Luz Divina.

“Nascer, viver, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a Lei.”
(Inscrição na lápide do túmulo de Allan Kardec)

José Batista de Carvalho

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O umbral, na descrição da experiência pessoal de André Luiz

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A descrição de André Luiz de sua passagem pelo umbral.

André Luiz começa ‘Nosso Lar’ com a descrição de suas experiências e das suas impressões na passagem pelo umbral. São os relatos de sua estada por essa região de transição para as áreas mais elevadas do plano espiritual.

Devemos lembrar que cada um passa e percebe o umbral de acordo com a sua própria experiência, como consequência de seus atos e de acordo com as concepções que tem sobre a vida após a morte.

Em seu primeiro livro, psicografado por Chico Xavier, o prefácio escrito por Emmanuel explica que a verdadeira identidade do médico terrestre ficaria no anonimato “para não ferir corações amados, envolvidos ainda nos velhos mantos da ilusão”, adotando, portanto, um nome para identificar-se em sua atual condição.

Conforme as palavras de Emmanuel, muitos outros autores espirituais já relataram as “condições da vida, além-túmulo”, mas André Luiz se apresentava com a oportunidade de “transmitir a outrem o valor da experiência própria, com todos os detalhes possíveis à legítima compreensão da ordem que preside o esforço dos desencarnados laboriosos e bem ­intencionados, nas esferas invisíveis ao olhar humano, embora intimamente ligadas ao planeta.”

Vamos, então, acompanhar algumas das passagens nessa narrativa de André Luiz, que pode ser lida na íntegra na obra ‘Nosso Lar’.

A passagem de André Luiz pelo umbral.

“Eu guardava a impressão de haver perdido a ideia de tempo. A noção de espaço se perdera. Estava convicto de não mais pertencer ao número dos encarnados no mundo e, no entanto, meus pulmões respiravam a longos haustos.

Cabelos eriçados, coração aos saltos, medo terrível senhoreando-me, muita vez gritei como louco, implorei piedade e clamei contra o doloroso desânimo que me subjugava o espírito; mas, quando o silêncio implacável não me absorvia a voz estentórica, lamentos mais comovedores que os meus respondiam-me aos clamores.

Outras vezes gargalhadas sinistras rasgavam a quietude ambiente. Formas diabólicas, rostos alvares, expressões animalescas surgiam, de quando em quando, agravando-me o assombro. A paisagem, quando não totalmente escura, parecia banhada de luz alvacenta, como que amortalhada em neblina espessa, que os raios de Sol aquecessem de muito longe.

Atormentava-me a consciência: preferiria a ausência total da razão, o não-ser. De início, as lágrimas lavavam-me incessantemente o rosto e apenas, em minutos raros, felicitava-me a bênção do sono. Interrompia-se, porém, bruscamente, a sensação de alívio. Seres monstruosos acordavam-me, irônicos; era imprescindível fugir deles.

O reconhecimento da verdadeira condição de espíritos eternos.

Em momento algum, o problema religioso surgiu tão profundo a meus olhos. Os princípios puramente filosóficos, políticos e científicos figuravam-se-me agora extremamente secundários para a vida humana.

Significavam, a meu ver, valioso patrimônio dos planos da Terra, mas urgia reconhecer que a humanidade não se constitui de gerações transitórias e sim de Espíritos eternos, a caminho de gloriosa destinação.

Verificava que alguma coisa permanece acima de toda cogitação meramente intelectual. Esse algo é a fé, manifestação divina ao homem. Semelhante análise surgia, contudo, tardiamente.

De fato, conhecia as letras do Velho Testamento e muita vez folheara o Evangelho; entretanto, era forçoso reconhecer que nunca procurara as letras sagradas com a luz do coração.

A surpresa ao analisar a vida que ficou para trás.

Em verdade, não fora um criminoso, no meu próprio conceito. A filosofia do imediatismo, porém, absorvera-me.

Filho de pais talvez excessivamente generosos, conquistara meus títulos universitários sem maior sacrifício, compartilhara os vícios da mocidade de meu tempo, organizara o lar, conseguira filhos, perseguira situações estáveis que garantissem a tranquilidade econômica do meu grupo familiar, mas, examinando atentamente a mim mesmo, algo me fazia experimentar a noção de tempo perdido, com a silenciosa acusação da consciência.

Habitara a Terra, gozara-lhe os bens, colhera as bênçãos da vida, mas não lhe retribuíra ceitil do débito enorme. Tivera pais, cuja generosidade e sacrifícios por mim nunca avaliei; esposa e filhos que prendera, ferozmente, nas teias rijas do egoísmo destruidor.

Possuíra um lar que fechei a todos que palmilhavam o deserto da angústia. Deliciara-me com os júbilos da família, esquecido de estender essa bênção divina à imensa família humana, surdo a comezinhos deveres de fraternidade.

Enfim, como a flor da estufa, não suportava agora o clima das realidades eternas. Não desenvolvera os germes divinos que o Senhor da Vida colocara em minha alma. Sufocara-os criminosamente, no desejo incontido de bem-estar.

Oh! Amigos da Terra! Quantos de vós podereis evitar o caminho da amargura com o preparo dos campos interiores do coração? Acendei vossas luzes antes de atravessar a grande sombra. Buscai a verdade, antes que a verdade vos surpreenda. Suais agora para não chorardes depois.

Ansioso por um pouco de paz para delinear os pensamentos.

‘Suicida! Suicida! Criminoso! Infame!’, gritos assim, cercavam-me de todos os lados. Gargalhadas sarcásticas feriam-me os ouvidos, enquanto os vultos negros desapareciam na sombra.

Para quem apelar? Torturava-me a fome, a sede me escaldava. Comezinhos fenômenos da experiência material patenteavam-se-me aos olhos. Crescera-me a barba, a roupa começava a romper-se com os esforços da resistência, na região desconhecida.

A circunstância mais dolorosa, no entanto, não é o terrível abandono a que me sentia votado, mas o assédio incessante de forças perversas que me assomavam nos caminhos ermos e obscuros. Irritavam-me, aniquilavam-me a possibilidade de concatenar ideias.

Desejava ponderar maduramente a situação, esquadrinhar razões e estabelecer novas diretrizes ao pensamento, mas aquelas vozes, aqueles lamentos misturados de acusações nominais, desnorteavam-me irremediavelmente.

A incompreensão, o cansaço, o desânimo.

‘Que buscas, infeliz! Aonde vais, suicida?’. Tais objurgatórias, incessantemente repetidas, perturbavam-me o coração. Infeliz, sim; mas, suicida? Nunca! Essas increpações, a meu ver, não eram procedentes. Eu havia deixado o corpo físico a contragosto.

Recordava meu porfiado duelo com a morte. Ainda julgava ouvir os últimos pareceres médicos, enunciados na Casa de Saúde; lembrava a assistência desvelada que tivera, os curativos dolorosos que experimentara nos dias longos que se seguiram à delicada operação dos intestinos. Por que a pecha de suicídio, quando fora compelido a abandonar a casa, a família e o doce convívio dos meus?

Firme e resoluto a princípio, comecei por entregar-me a longos períodos de desânimo e, longe de prosseguir na fortaleza moral, por ignorar o próprio fim, senti que as lágrimas longamente represadas visitavam-me com mais frequência, extravasando do coração. A quem recorrer?

Todo o conhecimento dissolvendo-se como bolhas de sabão.

Por maior que fosse a cultura intelectual trazida do mundo, não poderia alterar, agora, a realidade da vida. Meus conhecimentos, ante o infinito, semelhavam-se a pequenas bolhas de sabão levadas ao vento impetuoso que transforma as paisagens. Eu era alguma coisa que o tufão da verdade carreava para muito longe.

Entretanto, a situação não modificava a outra realidade do meu ser essencial. Perguntando a mim mesmo se não enlouquecera, encontrava a consciência vigilante, esclarecendo-me que continuava a ser eu mesmo, com o sentimento e a cultura colhidos na experiência material.

Persistiam as necessidades fisiológicas, sem modificação. Castigava-me a fome todas as fibras e, nada obstante, o abatimento progressivo não me fazia cair definitivamente em absoluta exaustão.

De quando em quando, deparavam-se-me verduras que me pareciam agrestes, em torno de humildes filetes d’água a que me atirava sequioso. Devorava as folhas desconhecidas, colava os lábios à nascente turva, enquanto mo permitiam as forças irresistíveis, a impelirem-me para frente. Muita vez suguei a lama da estrada, recordei o antigo pão de cada dia, vertendo copioso pranto.

Não raro, era imprescindível ocultar-me das enormes manadas de seres animalescos, que passavam em bando, quais feras insaciáveis. Eram quadros de estarrecer! Acentuava-se o desalento.

O primeiro raio de luz da consciência vem iluminar a longa noite sombria.

Foi quando comecei a recordar que deveria existir um Autor da Vida, fosse onde fosse. Essa idéia confortou-me. Eu, que detestara as religiões no mundo, experimentava agora a necessidade de conforto místico.

Médico extremamente arraigado ao negativismo da minha geração, impunha-se-me atitude renovadora. Tornava-se imprescindível confessar a falência do amor-próprio, a que me consagrara orgulhoso.

E, quando as energias me faltaram de todo, quando me senti absolutamente colado ao lodo da Terra, sem forças para reerguer-me, pedi ao Supremo Autor da Natureza me estendesse mãos paternais, em tão amargurosa emergência.

Quanto tempo durou a rogativa? Quantas horas consagrei à súplica, de mãos postas, imitando a criança aflita? Apenas sei que a chuva das lágrimas me lavou o rosto; que todos os meus sentimentos se concentraram na prece dolorosa.

Estaria, então, completamente esquecido? Não era, igualmente, filho de Deus, embora não cogitasse de conhecer-lhe a atividade sublime quando engolfado nas vaidades da experiência humana? Por que não me perdoaria o Eterno Pai, quando providenciava ninho às aves inconscientes e protegia, bondoso, a flor tenra dos campos agrestes?

Enfim chega ao umbral o socorro para André Luiz.

Ah! É preciso haver sofrido muito, para entender todas as misteriosas belezas da oração; é necessário haver conhecido o remorso, a humilhação, a extrema desventura, para tomar com eficácia o sublime elixir de esperança.

Foi nesse instante que as neblinas espessas se dissiparam e alguém surgiu, emissário dos Céus. Um velhinho simpático me sorriu paternalmente. Inclinou-se, fixou nos meus os grandes olhos lúcidos, e falou: ‘Coragem, meu filho! O Senhor não te desampara.’

Amargurado pranto banhava-me a alma toda. Emocionado, quis traduzir meu júbilo, comentar a consolação que me chegava, mas, reunindo todas as forças que me restavam, pude apenas inquirir: ‘Quem sois, generoso emissário de Deus?’

O inesperado benfeitor sorriu bondoso e respondeu: ‘Chama-me Clarêncio, sou apenas teu irmão.’ E, percebendo o meu esgotamento, acrescentou: ‘Agora, permanece calmo e silencioso. É preciso descansar para reaver energias.’

Em seguida, chamou dois companheiros que guardavam atitude de servos desvelados e ordenou: ‘Prestemos ao nosso amigo os socorros de emergência.’ Alvo lençol foi estendido ali mesmo, à guisa de maca improvisada, aprestando-se ambos os cooperadores a transportarem-me, generosamente.

Quando me alçavam, cuidadosos, Clarêncio meditou um instante e esclareceu, como quem recorda inadiável obrigação: ‘Vamos sem demora. Preciso atingir “Nosso Lar” com a presteza possível.'”

André Luiz

Ainda Emmanuel.

“André Luiz vem contar a você, leitor amigo, que a maior surpresa da morte carnal é a de nos colocar face a face com a própria consciência, onde edificamos o céu, estacionamos no purgatório ou nos precipitamos no abismo infernal; vem lembrar que a Terra é oficina sagrada e que ninguém a menosprezará, sem conhecer o preço do terrível engano a que submeteu o próprio coração.

Guarde a experiência dele no livro d’alma. Ela diz bem alto que não basta à criatura apegar­-se à existência humana, mas precisa saber aproveitá-­la dignamente.” (Emmanuel, 03 de outubro de 1943, prefácio de ‘Nosso Lar’)

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