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O efeito tunelamento: não se perca no túnel mental

A exaustiva ciranda do corre-corre.

Será que você andou pelos caminhos do efeito tunelamento? Veja se você se identifica com algo assim? Você faz uma tarefa (seja no ambiente profissional ou doméstico), lembra de mais duas, olha relógio e calendário, alguém te cobra alguma coisa, você passa o dia correndo e, no final dele, você percebe que muita coisa ficou para trás ou que deixou de fazer o mais importante de tudo? 

E por mais que você tente rememorar cada hora e cada atividade, para justificar o que deixou de ser feito, você acaba com um sentimento de culpa, de inabilidade, de cansaço nada gratificante. Você resolve “esticar” seu dia para fazer mais alguma coisa, privando-se de um tempo para você mesmo.

Você decide que amanhã vai ser diferente, você vai se organizar e fazer tudo que precisa dentro de um horário razoável. Mas, amanhã, você inevitavelmente se encontra de volta no mesmo processo.

Acompanhe neste texto:

  • como ocorre o tunelamento, isto é, o estreitamento de nossa capacidade mental devido a estresse e sobrecarga de atividades
  • a organização e estabelecimento de horários para certas atividades ajuda a melhorar a produtividade e o bem-estar
  • a importância de fazer intervalos para desacelerar e manter um ritmo saudável
  • mantenha uma visão de futuro para dar um melhor direcionamento às escolhas, mas sem criar expectativas ilusórias
  • pense em sua vida como uma galeria de arte, onde cada bela obra é fruto de sua criatividade e dedicação

O que é o efeito tunelamento?

Uma reportagem da BBC informa que cientistas comportamentais e pesquisadores dizem que quando estamos sob pressão nossa capacidade mental diminui, isto é, estreitamos nosso foco, o que pode nos levar a nos concentrar na execução de tarefas de forma improdutiva. A isso foi dado o nome de “tunelamento”.

Antonia Violante desenvolve estudos nos locais de trabalho procurando encontrar uma forma de manter em equilíbrio a vida profissional e a pessoal.

Quando estamos estressados ​​e pressionados pelo tempo, nossa atenção e capacidade cognitiva diminuem como se estivéssemos em um túnel. Às vezes, pode ser uma coisa boa, ajudando-nos a focar mais em nosso trabalho mais importante,” explica Violante.

“Mas o tunelamento tem um lado sombrio. Quando somos pegos em uma armadilha de escassez de tempo, um modo de combate a incêndios em pânico, podemos ter apenas a capacidade de focar nas tarefas mais imediatas e de baixo valor bem à nossa frente, em vez de no grande projeto ou no longo prazo. Vemos que as pessoas acabam procurando a coisa errada“, diz ela.

Organizar tarefas ajuda a manter uma visão global e eficiente.

Segundo Violante, a tecnologia moderna pode se comportar como uma perfeita e viciante máquina de caça-níqueis. Nossos cérebros estão sempre ansiosos e conectados a qualquer novidade e os humanos gostam de se sentir ocupados e produtivos. Na verdade, adoramos ser interrompidos a cada toque aleatório de uma nova mensagem. Combinando a escassez de tempo com a atração pela novidade e nosso desejo por ocupações, é fácil perceber como acabamos direcionando nosso tempo e atenção no que estiver bem à nossa frente –  como as mensagens de e-mail, redes sociais e outras notificações.

A verificação constante nos permite estar sempre ocupados, o que pode causar uma ilusória sensação de ser produtivo, informado e dinâmico. Mas isso não é produtivo. Para não se perder nesse túnel de falsa ocupação, Violante sugere experimentar a verificação de e-mails e demais notificações obedecendo uma programação de horários específicos para isso.

Essa ideia baseia-se em pesquisas que descobriram que fumantes que receberam um horário para fumar tiveram maior sucesso em parar de fumar do que por outros métodos. Outro estudo descobriu que as pessoas que verificavam seus e-mails de forma programada ficavam menos estressadas do que aquelas que verificavam constantemente. Estima-se que são gastas cerca de cinco horas por dia bisbilhotando as caixas de entrada.

Estabeleça intervalos e práticas para aliviar a tensão e concentrar-se em si próprio.

Somos capturados pelo que quer que esteja à nossa frente e não nos damos espaço ou introspecção para pensar sobre o que pode ser mais significativo a fazer.”, diz Anandi Mani, professora de economia comportamental em Oxford.

Para sair do túnel da escassez de tempo, Mani sugere primeiro tomar consciência de como você pode ficar preso na ocupação. Se puder, tente suavizar sua carga de trabalho ou distribuí-la ao longo do tempo.

Em seguida, procure estabelecer normas para rápidas pausas durante a rotina de atividades, bem como folgas semanais. “As regras antigas – como não trabalhar no sábado – com a existência de folga forçada em nossos horários, tem valor real”, diz Mani.

Ela adotou o hábito de fazer 15 minutos de meditação todas as manhãs. “Isso me deixa mais consciente durante o dia”, diz ela. “Honestamente, esse é um tópico que me leva a muitas buscas na alma.”

Evite o efeito tunelamento ficando de olho no futuro, mas com sabedoria e sem expectativa.

Anuj Shah, professor de ciências comportamentais da Universidade de Chicago, diz que a escassez cria sua própria mentalidade. Numa pesquisa, os participantes jogavam determinado jogo on-line onde havia “ricos” e “pobres”.

Aqueles que eram “pobres” eram na verdade muito mais precisos ou cuidadosos com seus recursos. Mas, ele notou que a escassez diminuía a capacidade mental, pois os participantes estavam tão concentrados na rodada atual que não conseguiram ter uma visão de futuro, levando-os a criar estratégias e definir atitudes que se mostraram desastrosas.

Shah diz que se olharmos para o nosso calendário daqui a seis meses, ele geralmente estará livre de muitos compromissos. Assim, podemos nos comprometer demais, o que pode levar a mais escassez de tempo e túneis no futuro. “Mas sabemos que daqui a seis meses, a semana será muito parecida com esta semana, que geralmente é bastante movimentada“, diz ele. “Então você precisa pensar – como eu encaixaria isso nesta semana? O que eu teria que desistir para fazer isso? Precisamos perceber que a folga no futuro é uma ilusão.

Nossa vida é uma galeria de arte.

O colega de Shah, Sendhil Mullainathan, sugere que pensemos em nossos horários menos como uma despensa em que colocamos tudo e mais alguma coisa, e mais como uma galeria de arte onde decidimos intencionalmente o que é mais importante e como organizá-lo para que tudo se encaixe. Ele recomenda definir alertas para nos ajudar a lembrar o que é importante quando começamos a cair na armadilha da escassez de tempo.

Quando estamos com pouco tempo, já estamos em uma situação ruim“, diz Shah. “Mas se aprendermos a gerenciar o tempo de antemão, podemos impedir que isso aconteça no futuro.”

Lembre sempre, portanto, de gerenciar o seu tempo, dando importância e valor às atividades que vão lhe trazer bem-estar e serenidade.

Não deixe de praticar alguns minutos diários de meditação, oração, leitura ou outras atividades que o encaminhem ao conhecimento de si próprio, ao caminho de paz e serenidade, que conseguem equilibrar e harmonizar todas as áreas e atividades da sua vida.

 

Noemi C. Carvalho

 

a reportagem na íntegra pode ser lida no site da BBC

 


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