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Porque gritamos na distância que se faz em nossos relacionamentos

Como ficam os nossos relacionamentos nestes tempos de modernidade líquida?

Vivemos em tempos de intensas transformações, inclusive nos nossos relacionamentos. O mundo em que habitamos tem sido frequentemente descrito como de “modernidade líquida”, um conceito cunhado pelo sociólogo Zygmunt Bauman¹.

Neste cenário, tudo muda rapidamente, e a durabilidade de nossos laços e conexões parece estar em constante ameaça.

As relações amorosas, um pilar fundamental da experiência humana, não estão imunes a essa volatilidade.

O amor, em sua essência, é uma busca de conexão, de compreensão e de crescimento mútuo. Contudo, na era da instantaneidade, os relacionamentos parecem ter se tornado mais frágeis.

A facilidade com que passamos de uma relação para outra, como o simples gesto de deslizar uma tela em aplicativos de namoro, coloca em xeque a profundidade e autenticidade das nossas ligações.

Mas, o que realmente procuramos em um relacionamento amoroso? Será apenas a satisfação momentânea ou a oportunidade de crescimento espiritual e pessoal?

A resposta a essa pergunta encontra-se na profundidade com que vivenciamos esses laços.

As nossas projeções no outro e a distância emocional afetam as relações.

Em relacionamentos saudáveis, não apenas descobrimos o amor pelo outro, mas também encontramos um espelho que reflete nossos medos, desejos e inseguranças.

Como o grande psicólogo Carl Jung² estabeleceu, as projeções que fazemos no outro revelam aquilo que ignoramos em nós mesmos.

Por isso, ao enfrentarmos conflitos e desavenças com nosso parceiro, estamos, na verdade, confrontando nossos próprios demônios interiores.

Meher Baba³, por sua vez, traz uma reflexão profunda sobre a proximidade emocional entre duas pessoas.

Quando duas pessoas se aborrecem, elas gritam não por causa do conflito em si, mas para superar a distância que se criou entre os seus corações.

O amor verdadeiro é marcado pela proximidade e silêncio; é quando dois corações se comunicam sem palavras.

Não podemos perder o caminho que leva ao coração do outro.

Esta lição nos faz questionar: quão próximos estamos realmente das pessoas que amamos?

Em tempos de “modernidade líquida”, é crucial que não permitamos que as distâncias emocionais se ampliem a ponto de não encontrarmos o caminho de volta para o coração do outro.

O desafio de hoje é manter os corações unidos, mesmo diante das adversidades.

A jornada espiritual de um relacionamento não é apenas sobre encontrar a pessoa certa, mas sobre mergulhar profundamente na relação, enfrentando os conflitos, compreendendo as projeções e crescendo juntos.

As conexões verdadeira mantêm os nossos relacionamentos saudáveis.

A mensagem final que se extrai de reflexões como as de Bauman e Meher Baba, portanto, é a de que devemos nos relacionar com autenticidade, profundidade e consciência.

Na busca por conexões verdadeiras, é imperativo que nos conectemos primeiramente conosco, entendendo nossos anseios e medos.

Somente assim poderemos construir relacionamentos sólidos em um mundo líquido.

O amor não é apenas um sentimento passageiro, mas uma jornada de autoconhecimento e de crescimento mútuo.

Lembremos sempre disso, para que os nossos corações continuem a buscar conexões verdadeiras, apesar das tentações da modernidade líquida.

José Batista de Carvalho

Referências

1 – Zygmunt Bauman aborda o conceito de “modernidade líquida” em seu livro intitulado “Modernidade Líquida”. Nesta obra, ele discute como as relações sociais, os valores e as estruturas estão em constante mudança e não têm uma forma fixa ou duradoura na sociedade contemporânea. O livro é um marco na sociologia e oferece uma análise profunda sobre as características e desafios da vida moderna.  

2 – O conceito de projeção é central na psicologia analítica de Carl Jung. A ideia de que projetamos nos outros aquilo que não reconhecemos ou rejeitamos em nós mesmos é discutida em várias de suas obras. A frase “as projeções que fazemos no outro revelam aquilo que ignoramos em nós mesmos”, é uma síntese do pensamento junguiano sobre projeção, mas não é uma citação direta de Jung.

A obra mais destacada de Jung onde ele discute a ideia de projeção é “Os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo”, parte da série “Obras Completas de C.G. Jung”. Nesse livro, ele explora a natureza do inconsciente coletivo e como os arquétipos operam, incluindo o processo de projeção.

3- Meher Baba abordou o tema do amor verdadeiro em várias de seus escritos e discursos. Ele frequentemente falava sobre o amor como a essência do caminho espiritual e a chave para a realização de Deus. Uma de suas obras mais significativas onde ele discute a natureza do amor divino é “Deus Fala: O Tema da Criação e Seu Propósito”. Embora o livro trate principalmente da jornada da alma através da criação, o amor é um tema central. Outra referência pode ser encontrada em suas mensagens e discursos coletados em diferentes volumes e publicações. Muitas vezes, nestas coletâneas, ele oferece opiniões sobre a natureza do amor verdadeiro e como ele difere do apego mundano.

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