
O perdão que fica nas aparências não traz a paz.
Sempre ouvimos que é importante perdoar, que não devemos manter sentimentos de mágoa ou raiva por alguém por causa do seu comportamento conosco ou de algo que nos tenha feito e que nos prejudicou.
Mas por mais que a mente entenda isso, às vezes o coração não consegue aceitar. Então fica o conflito, porque achamos que é um “ato nobre e digno” mostrar aos outros que perdoamos. Mas, lá no fundo, aquele sentimento nada nobre continua corroendo as beiradas da nossa paz.
E assim ela não fica inteira, não é uma paz por completo, porque sempre volta à mente algum pensamento que nos lembra o que aconteceu. E, é claro, a emoção vem junto. Ela traz de novo o sentimento de vitimização, de raiva, a vontade da revanche, a praga oculta porque, afinal, “o mundo dá muitas voltas” e “a justiça vem de Deus”.
Sem dúvida alguma Deus é justo e bom. Mas Ele não pune. A “punição” ou a reparação pelas ações indevidas vem como consequência natural de nossos atos, pela força do carma, ou da lei causa e efeito.
Por isso não existe “justiça”, no sentido de vingança ou punição. Mas sim a justa medida das leis naturais e divinas. E é através delas que nós mesmo nos sentenciamos ao bem ou ao mal, como decorrência de nossas atitudes corretas ou de nossas falhas nas relações com o mundo onde vivemos.
Por que, então é importante perdoar?
Para responder a essa pergunta, vamos atentar ao que disse Emmanuel: “Dentre os ângulos do perdão, um existe dos mais importantes, que nos cabe salientar: os resultados dele sobre nós mesmos, quando temos a felicidade de desculpar.
Muito frequentemente interpretamos o perdão como sendo simples ato de virtude e generosidade, em auxílio do ofensor, que passaria a contar com a absoluta magnanimidade da vítima”. A bondade, explica o benfeitor espiritual, orienta para que se relegue ao esquecimento tudo o que decorre do mal.
E além disso, ele continua, “quando conseguimos desculpar o erro ou a provocação de alguém contra nós, exoneramos o mal de qualquer compromisso para conosco, ao mesmo tempo que nos desvencilhamos de todos os laços suscetíveis de apresar-nos a ele”.
O perdão rompe os laços que podem nos afetar negativamente.
Compreendemos, portanto, que o perdão traz benefícios principalmente a nós mesmos. Ele rompe os laços energéticos tóxicos que podem nos prender indefinidamente através dos sentimentos e dos pensamentos de baixa vibração, fazendo com que isso se reflita na nossa vida.
Assim, temos agora o conhecimento de como opera o mecanismo do perdão. E Emmanuel nos orienta a refletir muito bem sobre as consequências indesejáveis a que podemos nos submeter.
“Não te admitas carregando os explosivos do ódio ou os venenos da mágoa que destroem a existência ou corroem as forças orgânicas, arremessando a criatura para a vala da enfermidade ou da morte sem razão de ser”, alerta o mentor espiritual.
Certamente, em várias ocasiões, vamos nos deparar com atitudes que nos ferem os sentimentos, com “a intromissão do mal em nosso caminho”. Mas cabe a cada um a decisão de não acolher nem transportar consigo a carga destruidora, “à maneira de lâmina enterrada por ti mesmo no próprio coração”.
Existem muitas coisas importantes na vida, e uma delas é perdoar.
É fundamental nos defendermos da melhor maneira contra os efeitos prejudiciais que certamente sofreremos se acalentarmos a raiva, a mágoa e o desejo de vingança. E a solução é proposta por Emmanuel da seguinte forma:
“Ante ofensas quaisquer, defende-te, pacifica-te e restaura-te, perdoando sempre. Nas trilhas da vida, somos nós próprios quem acolhe em primeiro lugar e mais intensivamente os resultados da intolerância, quando nos entrincheiramos na dureza de alma.
Sem dúvida, é impossível saber, quando venhamos a articular o perdão em favor dos outros, se ele foi corretamente aceito ou se produziu as vantagens que desejávamos.
Entretanto, sempre que olvidemos o mal que se nos faça, podemos reconhecer, de pronto, os benéficos efeitos do perdão conosco, em forma de equilíbrio e de paz agindo em nós”.
As formas de melhorar a nossa vida, de vivermos com equilíbrio, serenidade e bem-estar nos são continuamente apresentadas e explicadas.
Como agora, por exemplo, quando Emmanuel nos ajudou a entender porque é importante perdoar. Mas cabe a cada um a tarefa, ainda que apresente dificuldades, de colocar as orientações em prática.
E como tudo o que aprendemos, desenvolvemos e fazemos, o perdão também precisa de treino e de prática. Até que, enfim, se torne uma ação rotineira e natural.
Noemi C. Carvalho
Emmanuel, no livro “Alma e Coração”, psicografado por Chico Xavier
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