Veja uma explicação de como surge o ego.
Você já deve ter lido muitas coisas sobre o ego. Mas nunca é demais falarmos um pouco mais sobre ele. Afinal, uma coisa é certa: todos falam da importância do papel que o ego tem em nossa vida.
Existem, de fato, inúmeras explicações sobre esse nosso companheiro de viagem. Mas Osho explica de maneira a nos trazer bastante familiaridade para entendermos como começou a jornada do ego:
“Nós todos nós nascemos sem um ego. Uma criança quando nasce é apenas consciência: flutuando, fluindo, lúcida, inocente, virgem, sem ego. O ego é criado pelos outros, aos poucos. O ego é o efeito acumulado das opiniões dos outros sobre você.
Um vizinho faz uma visita e diz: “Que criança bonita!”, e dirige um olhar de apreciação para a criança. O ego começa a funcionar. Alguém sorri, uma outra pessoa não sorri. O ego observa. Às vezes a mãe é muito carinhosa, outras fica muito zangada.
A criança começa a aprender que não é aceita como ela é. Seu ser não é aceito incondicionalmente: existem condições a serem satisfeitas. Se ela grita e chora e visitas estão em casa, a mãe fica zangada. Se ela grita e chora e não há visitas, a mãe não se incomoda.
A criança também percebe que se ela não grita e não chora a sua mãe a recompensa com beijos amorosos e com carinho. Se ela sabe ficar quieta quando chegam visitas em casa, fica em silêncio, a mãe fica feliz e a recompensa. A criança vai, assim, aprendendo as opiniões dos outros sobre si mesma, olhando no espelho dos relacionamentos.”
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Esse é um ponto importante, ao qual devemos dar atenção: o ego se forma através das opiniões dos outros, quando vemos os outros como um espelho sobre o qual construímos a nossa imagem. Vamos aprendendo a considerar o que é bom ou não fazermos, quais comportamentos têm uma aceitação melhor, dependendo da reação que aquilo que fazemos provoca nas pessoas.
Ou seja, o ego não é a minha opinião sobre mim, mas a opinião dos outros sobre mim; a opinião dada através da forma como os outros reagem a meus comportamentos, a minhas atitudes.
A opinião dos outros é a única coisa que importa para o ego.
Continuando com a explicação dada por Osho:
“Você não consegue ver a sua face diretamente. Você precisa olhar para um espelho, e no espelho você reconhece sua face. Esse reflexo que você vê se torna a sua ideia de como é a sua face. Existem milhares de espelhos ao seu redor, todos eles refletindo alguma coisa diferente. Alguém o ama, alguém o odeia, alguém é indiferente.
A criança cresce e continua acumulando opiniões de outras pessoas. A essência total dessas opiniões dos outros é que constitui o ego. A pessoa começa a olhar para si mesma do modo como os outros a veem. Ela começa a se olhar de fora: isso é o ego.
Caso as pessoas gostem dela e a aplaudam, ela pensa que é bela, sente que está sendo aceita. Mas se as pessoas não a aplaudem e não gostam dela, rejeitando-a, ela se sente condenada. Ela está sempre procurando formas e meios para ser apreciada, para que se sinta sempre segura de que possui valor, que possui um mérito, um sentido e um significado.
Então a pessoa passa a ter medo de ser ela mesma. É preciso encaixar-se na opinião dos outros.”
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Outra pausa no texto: o ego se olha de fora. Assim, é a aprovação dos outros, o reconhecimento dos outros, a opinião dos outros o que importa. Isto é, tudo o que vem dos outros, mas não vem de mim. Portanto, não é o que eu sinto, o que eu gosto, o que eu quero: é como devo ser para ser aceito, respeitado, admirado.
Esse tipo de pensamento é o que derruba a nossa autoestima. Instalam-se, então, todo tipo de sentimentos negativos e de autodepreciação: ansiedade e medo de não corresponder ao que outros vão gostar, culpa e insegurança se não nos sentimos aceitos, revolta e raiva se nos sentimos incompreendidos, tristeza e vergonha se sentimos que estamos sendo julgados.
Olhar para si com o seu próprio olhar.
Para finalizar, precisamos nos conscientizar que existe uma maneira de deixarmos para trás essa manipulação que exercemos sobre nós mesmos. Afinal, temos a liberdade de escolher como vamos olhar para nós, temos a liberdade de nos sentir bem como nós somos, com nossas falhas, nosso defeitos e erros – que podem nem ser tudo isso que imaginamos. Essa foi a imagem que tivemos de nossa não-aceitação.
E ainda resta outra liberdade de escolha: transformar, modificar, melhorar o que nos incomoda, o que de fato, lá no fundo, gostaríamos que fosse diferente. A transformação e evolução de nosso ser é a nossa jornada nesta vida.
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Osho, concluindo, diz que ‘Se você deixar de lado o ego, subitamente se tornará novamente uma criança. Você não estará mais preocupado com o que os outros pensam sobre você, não prestará mais atenção àquilo que os outros dizem de você.
Nesse momento, terá deixado cair o espelho. Ele não tem mais sentido: a face é sua, então por que perguntar ao espelho?”
Esse é o momento da aceitação pessoal: eu tenho meu jeito de ser, de ver, de gostar de coisas. Meu jeito não é igual ao de todo mundo.
Afinal, se uma coisa todos temos de igual, é que somos diferentes de cada um.
Noemi C. Carvalho